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    Suspeito de matar 39 pessoas de Goiânia é psicopata, diz laudo judicial

    DE SÃO PAULO

    27/02/2015 21h49

    O ex-vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, suspeito de ter matado 39 pessoas em Goiânia, é um psicopata, segundo atestou laudo divulgado pela Junta Médica do Tribunal de Justiça de Goiás.

    Rocha está preso desde outubro de 2014 e, segundo a Polícia Civil, confessou os 39 homicídios. Desde o início do ano passado, o assassinato de 15 mulheres jovens, com idades entre 13 e 29 anos, por um motoqueiro com rosto coberto causou pânico na capital goiana e se tornou até assunto político durante a campanha eleitoral, na qual foi reeleito o governador Marconi Perillo (PSDB).

    A equipe médica avaliou que Rocha pode ser classificado como um caso de transtorno de personalidade antissocial. Apesar do distúrbio, o laudo conclui que o ex-vigilante é plenamente capaz de responder pelos seus atos, portanto, imputável e que pode ir a julgamento, se acusado formalmente.

    O documento foi apresentado na tarde desta sexta-feira (27) à 10ª Vara Criminal de Goiânia, que acompanha o caso.

    Segundo o laudo assinado pelos psiquiatras Diego Franco de Lima e Léo de Souza Machado, mesmo com o transtorno, Rocha podia entender o aspecto ilícito de seus atos e se posicionar conforme esse entendimento.

    "A pontuação verificada é compatível com transtorno global de personalidade indicativo de traços psicopáticos e maior sujeição à reincidência", diz trecho.

    Na avaliação dos profissionais, não seria possível um tratamento, já que o quadro de Rocha apresenta "pouca possibilidade de responder aos tipos de intervenção medicamentosa" existentes.

    "Fica claro e marcante nos crimes a premeditação do intuito. [Rocha] Escolhe as vítimas a esmo e sem motivações aparentes, já que não há um perfil totalmente definido. Ou seja, os crimes ocorrem por vontade própria, sem influência de nenhuma doença mental", diz trecho do laudo. O documento aponta, ainda, que ele não é dependente químico.

    O ex-vigilante tende a se retrair do convívio com os demais e não vivencia trocas afetivas significativas com as pessoas, segundo perfil traçado pelos psiquiatras. Essa dificuldade de se conectar com as pessoas e sua desorientação de sentimentos configuram como características que, associadas, contribuem para o prejuízo em sua formação moral e ética.

    Procurada, a defesa de Rocha informou que o laudo foi entregue na sexta quase ao final do expediente. "O laudo é bem complexo, não contendo apenas as informações divulgadas [pela imprensa]", disse a defesa, por e-mail.

    Por isso, a defesa informou ainda vai analisar o documento para depois se pronunciar a respeito.

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