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    Rio tenta conter expansão da cidade, mas Jogos atraem projetos a oeste

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    01/03/2015 02h00

    Após mais de quatro séculos avançando a ocupação urbana a oeste, o Rio comemora 450 anos neste domingo (1º) esboçando frear a expansão. Ainda em passos iniciais, a cidade planeja reabitar o centro e impor limites para a ocupação de seu território.

    A mudança agora ocorre principalmente com o investimento de R$ 8 bilhões na revitalização da zona portuária. O objetivo é atrair moradias para o centro, onde vivem apenas 5% dos 6,4 milhões de habitantes.

    Esse plano sofre concorrência da Olimpíada de 2016. A Barra (zona oeste) será o principal palco dos Jogos, viabilizados por empreendimentos imobiliários no que seria o limite ideal da cidade.

    Daniel Marenco/Folhapress
    Vista da Praia Vermelha, Pao-de-Acucar e Copacabana. Ensaio fotografico para aniversario de 450 anos do Rio de Janeiro.
    Vista da Praia Vermelha, Pão-de-Açúcar e Copacabana.

    Fundada em 1º de março de 1565, entre o morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, na zona sul, a cidade teve seu povoamento a partir do morro do Castelo, na região central. Concentrou sua ocupação na entrada da baía de Guanabara, região demarcada por quatro morros -três sofreriam desmonte- e diversos manguezais -aterrados.

    A expansão urbana se deu no século 19, saindo do centro e circundando o maciço da Tijuca. Ao norte, seguiu a linha férrea. Ao sul, o litoral.

    A agenda até o quinto centenário é múltipla. Reduzir as desigualdades, reformar as moradias, com urbanização e saneamento em favela, e qualificar as novas gerações.

    Quase 20% vivem no que o IBGE chama de aglomerações subnormais, visíveis nas favelas que desenham morros. "Na história dessa cidade, os únicos que construíram casas para os pobres foram os próprios pobres", disse o arquiteto Augusto Ivan.

    A prefeitura contratou mais de 60 mil habitações pelo Minha Casa, Minha Vida e urbanizou favelas com o Morar Carioca.

    Para o prefeito Eduardo Paes (PMDB), a Olimpíada consolida a ocupação de uma área já habitada e não ameaça reocupar o centro. O oeste tem 40% da população, enquanto as áreas centrais somam prédios abandonados.

    Para os críticos, a contradição resume uma marca da cidade em sua história: a falta de planejamento urbano.

    A expansão em direção ao maciço da Pedra Branca, na zona oeste, fez a cidade reencontrar desafios de sua origem: regiões alagadiças na base dos morros. Desde maio de 2013, decreto proíbe novas licenças em Guaratiba e nas Vargens, mas abre exceção para instalações olímpicas. "A política é ambígua. O discurso é num sentido e a prática na outra", diz Sérgio Magalhães, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil.

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