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    Após protesto contra contaminação, biblioteca deve ser reaberta na USP

    FERNANDA MENA
    DE SÃO PAULO

    02/03/2015 02h00

    A biblioteca Florestan Fernandes, da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP, deve ser parcialmente reaberta hoje (2/3) após acordo entre direção e funcionários, que haviam paralisado os trabalhos em protesto contra a manutenção no local de livros contaminados com DDT.

    O inseticida foi encontrado em ao menos quatro dos 9.200 livros da Coleção João Cruz Costa, recebida em 2009 e mantida separada do resto do acervo por uma divisória.

    Em 2014, um pó branco foi encontrado nesses volumes. O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) identificou nele DDT e derivados.

    À época, uma funcionária relatou forte ardência na pele. No mês seguinte, outros disseram ter tido crises de asma e alergias de pele.

    A direção da FFLCH solicitou laudos a uma especialista em conservação de acervos e a técnicos de medicina do trabalho, além de exames médicos nos funcionários.

    Descontentes com a demora para uma solução, funcionários interromperam as atividades na segunda (23).

    A pedido do Sindicato dos Trabalhadores da USP, a Covisa (Coordenação da Vigilância Sanitária) esteve na biblioteca na quarta e ordenou que os livros fossem lacrados e isolados até descontaminação.

    Para Bruno Rocha, do sindicato, a medida chancela reivindicações dos trabalhadores, em dezembro, para remoção da coleção do local até que se descartasse riscos à saúde.

    A diretora da biblioteca, Maria Laet, explica que isso não tinha sido feito porque os técnicos não disseram que havia essa necessidade.

    "Temos trabalhado duro para resolver a situação, mas dentro de processos administrativos que envolvem ofícios e prontuários. Isso leva tempo", explica. "Agora que foi solicitada a retirada dos livros, isso está sendo feito."

    A biblioteca manterá parte da área do acervo do segundo andar fechada. Ela será liberada só após laudo que descarte a presença do pesticida.

    A Covisa detectou também que o sistema de climatização da biblioteca, que tem cerca de 450 mil obras, "está em condições precárias de higiene, o que favorece a presença de ácaros, fungos e bactérias lesivas à saúde humana".

    O DDT, facilmente transportado pelo ar, pode provocar problemas respiratórios e irritações de pele. Estudos apontam ainda sua relação com alguns tipos de câncer. A fabricação e o uso foram banidos no Brasil em 2009.

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