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    Ativistas farão 'resistência pacífica' em terreno onde querem parque Augusta

    EMILIO SANT'ANNA
    DE SÃO PAULO

    03/03/2015 02h00

    Prestes a terem que sair do terreno onde reivindicam a criação do parque Augusta, na região central de São Paulo, um grupo de ativistas planeja resistir até o último momento. Uma ordem judicial autorizou a reintegração de posse nesta quarta-feira (4).

    A resistência, no entanto, dizem os ativistas, será pacífica, com música, exibição de filmes e palestras durante toda esta terça-feira (3). "Não estamos ocupando nada, não tomamos posse de nada, apenas defendendo o que é de interesse da cidade, por isso a reintegração é um equívoco", diz a produtora cultural Olga Torres de Oliveira Nascimento, 33.

    Desde o início do ano, o grupo mantém uma vigília no terreno que pertence às construtoras Setin e Cyrela. As empresas planejam erguer três edifícios no local. O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) aprovou o projeto no dia 27 de janeiro.

    As construções não podem ocupar mais de 40% da área, segundo o Conpresp. O restante deverá ser destinado a um parque com acesso público.

    Em dezembro de 2013, o prefeito Fernando Haddad (PT) aprovou a criação do parque, mas a Secretaria Municipal do Verde informou que não conseguiria arcar com os custos de desapropriação da área -estimada, na época, em R$ 70 milhões.

    O terreno é tombado pelo órgão municipal desde 2004. Nos cerca de 25 mil metros quadrados da área estão árvores nativas da mata atlântica e o que restou de um tradicional colégio particular demolido nos anos 1970.

    Enquanto aguardam, os ativistas seguem a rotina de intervenções artísticas no local. Na segunda (2), enquanto um grupo fazia malabares, outros ativistas se misturavam a moradores da região em uma aula de yoga.

    RECURSOS

    O Ministério Público e a Prefeitura de São Paulo anunciaram no dia 13 de fevereiro um acordo para destinar à construção do parque parte das indenizações a serem recebidas por recursos desviados pelo ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf (PP-SP).

    Os bancos Citibank (EUA) e UBS (Suíça) se comprometeram a pagar US$ 25 milhões (equivalente a R$ 71 milhões) por terem sido usados para movimentar quantias desviadas da Prefeitura de São Paulo entre 1993 e 1998.

    Além da vigília, o grupo corre para contar com a ajuda de vereadores. "Protocolamos na Câmara um pedido para a criação das Zonas Especiais de Regeneração Orgânica", diz a jornalista Henny Freitas, 33.

    Segundo ela, a ideia é que o projeto seja incorporado ao Plano Diretor da cidade e com isso, novas áreas verdes possam ser preservadas. "A ideia é que aqui seja uma área de construção zero, ou seja, nada poderá ser erguido."

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