• Cotidiano

    Sunday, 05-May-2024 08:53:21 -03

    Com medo de saque, morador não sai de casa alagada no Acre

    LUCIANO TAVARES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM RIO BRANCO (AC)

    04/03/2015 02h00

    Moradores afetados pela maior cheia da história de Rio Branco se recusam a deixar as casas alagadas com medo de ter seus bens levados pelos chamados "ratos de água", ladrões que aproveitam a época de alagamento para realizar furtos.

    Morador do bairro 6 de Agosto, um dos mais atingidos pela enchente do rio Acre, o vendedor Sebastião Alves dos Santos decidiu pendurar alguns móveis no teto de casa para protegê-los da água. E não quer sair de lá.

    "Não vou sair. Se eu sair agora, terei só o trabalho de ter que ir e voltar. E essa mudança acaba com os móveis. Vou esperar o rio baixar", diz.

    Com o quintal debaixo de água, muitos estendem as roupas na varanda de casa. Outros, já acostumados com seguidas enchentes, construíram imóveis de dois andares.

    Responsável pela segurança nas áreas alagadas, o comandante do Policiamento da Capital, coronel Ulysses Araújo, diz que as ocorrências estão dentro do normal.

    "Nenhum caso além do que ocorre quando não está alagado. A gente tem usado barcos onde precisa de barcos, nas áreas inundadas, ou vamos de carro se dá para entrar de carro", informou.

    VÍTIMAS

    De acordo com a Prefeitura de Rio Branco, cerca de 7.000 pessoas deixaram suas casas e foram levadas a 20 abrigos públicos na cidade.

    No total, a cheia já atinge 86 mil pessoas e 25 mil imóveis. Na capital, o número de bairros afetados subiu para 53, além de 30 áreas rurais.

    O centro da cidade foi interditado para a passagem de veículos –apenas ambulâncias e ônibus podem circular.

    No sábado (28), a cheia causou uma morte. A inspetora Fátima Lima de Moura, 64, morreu depois de receber uma descarga elétrica, no bairro Palheiral, quando ajudava a filha a fazer a mudança da área alagada.

    Em Porto Acre (a 60 km de Rio Branco), 140 famílias também foram atingidas.

    Outras três cidades acrianas –Brasiléia, Xapuri e Epitaciolândia– e estão em estado de calamidade pública.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024