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    Paulistanas trocam a academia por aulas com treinador de luta exclusivo

    LÍGIA MESQUITA
    DE SÃO PAULO

    08/03/2015 02h00

    Quando o treinador passa sequências de socos, agachamentos e muitos abdominais, Marcella Tranchesi, 23, não tem vergonha e grita de cansaço e dor. "Me deixa ir embora, já deu", brinca ela, pensando em desistir de mais uma aula de "funcional fight" (luta funcional).

    Desde janeiro, a herdeira de Eliana Tranchesi, ex-proprietária da Daslu que morreu em 2012, incluiu em sua rotina de malhação, que já tem um personal trainer para musculação, o trabalho de um personal fighter (lutador).

    "Várias amigas começaram a fazer. A Helena Bordon e a Mica Rocha [blogueiras] me deram um 'report', um 'briefing' da aula, e fui atrás", diz ela, aluna do ex-lutador de MMA Eduardo Munra, dono da Funcional Fight Club.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    A modelo Viviane Orth e o ex-lutador Marcio Varoli, em ringue na zona oeste da capital
    A modelo Viviane Orth e o ex-lutador Marcio Varoli, em ringue na zona oeste da capital

    O novo treino, que promete queimar até mil calorias por aula, agradou tanto que Marcella convenceu a irmã, Luciana, e algumas amigas a contratarem os serviços do "personal lutador".

    "A gente sua muito, parece que tá no Exército [risos]. Dá uma bela secada", diz Luciana Tranchesi, 25.

    As aulas personalizadas de luta, que já há algum tempo caíram nas graças de celebridades e de diversas modelos, agora conquistam paulistanas endinheiradas.

    Na Funcional Fight, aberta há um ano no Itaim Bibi (zona oeste) tendo principalmente modelos entre as clientes, 30 mulheres se inscreveram nos últimos dois meses para malhar com treinadores exclusivos, pagando entre R$ 250 e R$ 300 por sessão.

    A menos de um quarteirão dali, outro espaço dedicado à luta foi inaugurado há seis meses: a 9 Round Fight Club, com o preço da hora-aula começando em R$ 150.

    No local, o banco de madeira ao lado do ringue serve de apoio para bolsas de grifes de luxo, como Céline e Goyard, enquanto suas donas, as modelos Patricia Beck, 30, e Karen Nuernberg, dão chutes e socos com o auxílio de Marcio Varoli, ex-lutador profissional. Ele também treina as tops Viviane Orth e Renata Kuerten.

    Com um cronômetro na mão, ele repreende Patricia, que faz uma pausa antes de acabar a série de pular corda. "Tá difícil? Tá só começando!", avisa o professor.

    Antes de a aula das modelos terminar –com elas reclamando de dor "em tudo"–, chega a próxima aluna: a advogada Paula Drumond, 26, noiva de Bruno Setubal, um dos herdeiros do Itaú.

    "Comecei há três meses e estou adorando. Achava musculação chata e estava procurando outro exercício. Aí minhas amigas começaram a lutar e eu resolvi testar", diz ela, que faz três treinos por semana. "É um investimento, mas o corpo fica bonito. Vale."

    As irmãs Tranchesi também acham um investimento alto, mas dizem que o retorno é rápido. "O dinheiro que eu gastava na academia agora uso na luta", diz Luciana.

    Para o treinador Munra, o preço é maior se comparado ao dos professores de musculação, mas "é o valor dos profissionais nos EUA". "Fazemos um treinamento diferenciado que dá resultado, e são pessoas diferenciadas [que praticam]", afirma.

    FÃS DE ANDERSON SILVA

    O aumento da procura por treinadores de luta se deve também ao sucesso do MMA (artes marciais mistas) e de Anderson Silva, segundo Ery Silva. O ex-lutador de muay thai abriu há seis meses um espaço para treinos nos Jardins e já tem 22 alunos.

    "O universo da luta sofria preconceito das mulheres. E elas descobriram que é um esporte que dá condicionamento físico e que, se treinar com um personal, não tem risco de se machucar", diz.

    A diretora de estilo da "Vogue", Donata Meirelles, conta que treina há um ano em casa com o ex-lutador de MMA Rodrigo Ruiz, personal de Sabrina Sato, e nunca se machucou. "Ele é cauteloso", fala. "Sempre detestei exercícios e fiquei viciada na aula, uma é diferente da outra. Ganhei músculos e sequei."

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