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    Vazio na região central, bicicletário lota na periferia de São Paulo

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    09/03/2015 02h00

    Já passava das 20h, mas ainda se ouvia o barulho de correntes de bicicletas girando no bicicletário do Jardim Helena-Vila Mara, no extremo leste de São Paulo, em plena terça-feira. As magrelas eram retiradas por dezenas de ciclistas que chegavam do trabalho a todo instante.

    No dia seguinte, no mesmo horário, o barulho no bicicletário do Brás (centro) era de tiros e gritos vindos do tablet do segurança do local, que assistia a um filme de ação para não cair no sono.

    A planilha dele dizia tudo: só duas pessoas tinham usado o serviço naquele dia.

    Davi Ribeiro/Ernesto Rodrigues/Folhapress
    À esquerda, bicicletário do Brás, na região central, que costuma ficar sempre vazio ao longo do dia; ao lado, bicicletário do Jardim Helena, na zona leste, que recebe quase 300 bicicletas diariamente
    À esquerda, bicicletário do Brás, na região central, que costuma ficar sempre vazio ao longo do dia; ao lado, bicicletário do Jardim Helena, na zona leste, que recebe quase 300 bicicletas diariamente

    Dados obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação revelam que os bicicletários ligados a estações de metrô e trens e localizados na periferia e em cidades da região metropolitana estão lotados. Já os do centro da capital vivem às moscas.

    A média diária de bikes guardadas de graça em novembro de 2014 (dado mais recente disponível) no bicicletário do Brás, gerenciado pelo Metrô, foi de só 0,5. O local tem 20 vagas para bikes.

    A situação não é tão diferente no resto do centro expandido: na Liberdade, 2,7 por dia; na Vila Madalena, 4,7.

    Por outro lado, na estação Jardim Helena foram guardadas, em média, 293 bicicletas por dia. O serviço é operado pela CPTM e tem 256 vagas.

    Em outras áreas mais periféricas os bicicletários também são bastante utilizados: no do Itaim Paulista (zona leste), 291 por dia; em Osasco (Grande São Paulo), 165.

    Editoria de arte/ Folhatress

    Doutora pela USP em mobilidade não motorizada, Meli Malatesta diz que a intenção dos bicicletários é integrar as ciclovias às estações, mas os moradores do centro ainda não se adaptaram a usar a bicicleta com essa intenção.

    "Na periferia, o trabalhador usa bicicleta para economizar. No centro, há muitos cicloativistas, mas a maior parte [dos moradores] costuma pedalar só no fim de semana por lazer."

    A gestão Fernando Haddad (PT) implantou 258 km de ciclovias em dois anos. Boa parte fica na região central, onde há ociosidade, mas a prefeitura diz que uma "nova cultura" está sendo absorvida.

    Os bicicletários anexos às estações de trem e metrô somam quase 7.000 vagas e funcionam todos os dias.

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