• Cotidiano

    Friday, 03-May-2024 05:01:26 -03
    Crise da água

    Cantareira atinge 14% e pode evitar rodízio de água em 2015

    DE SÃO PAULO

    12/03/2015 09h21

    Ainda em situação crítica, o sistema Cantareira subiu 0,3 ponto percentual e atingiu 14% de sua capacidade na manhã desta quinta-feira (12) –índice que, segundo as contas do governo Geraldo Alckmin (PSDB), pode evitar a adoção de um rodízio de água ao longo do período seco de 2015.

    Com esse nível no reservatório, somado a uma série de obras de interligação de represas previstas para este ano e os já constantes racionamentos de água nas periferias (chamado oficialmente de "redução de pressão"), a gestão tucana acredita ter fôlego suficiente para manter um mínimo abastecimento na Grande São Paulo e ultrapassar o intervalo seco que vai até o final de outubro.

    Além dessas obras, a Sabesp conta ainda com uma terceira cota do volume morto (porção de água que fica abaixo dos canos de captação). Ela tem cerca de 40 bilhões de litros de água, lançaria cinco pontos percentuais ao nível do sistema e, segundo Alckmin, poderá ser usada a partir da metade do ano.

    Desde o agravamento da crise, no ano passado, o governo já recorreu a duas dessas cotas, chamadas de "reservas técnicas" pelos tucanos. Elas serão totalmente recuperadas quando o Cantareira, hoje em 14%, chegar a cerca de 29%, o que somente tem chances de ocorrer no verão 2015/2016.

    Segundo o professor de hidrologia da USP de São Carlos, Eduardo Pires, o avanço do nível maior reservatório da Grande São Paulo ainda é tímido para justificar comemorações. "Temos que lembrar que ainda estamos no volume morto. E mesmo que dê para chegar até agosto ou setembro com água, como será ano que vem? Os reservatórios estarão ainda mais baixos", disse.

    OBRAS

    Para escapar do rodízio, o governo aposta na interligação da água do sistema Rio Grande (um braço da represa Billings que abastece o ABC paulista) até o sistema Alto Tietê, que fornece água principalmente à região leste da região metropolitana.

    Com isso, seria possível tirar água de um reservatório que está com um bom volume de água (Rio Grande) e levá-lo até outro sistema, com pouca água (20,4%) mas com grande capacidade de tratamento (Alto Tietê).

    Rubens Fernando Alencar e Pilker/Folhapress

    Com essa manobra, e uma série de pequenas obras no meio da cidade de São Paulo, seria possível que o sistema Alto Tietê passasse a fornecer água para bairros que hoje são abastecidos pelo Cantareira, com a Vila Maria, por exemplo, na zona norte.

    A ligação Rio Grande-Alto Tietê está prevista para junho, mas o governo tem encontrado dificuldade em comprar as adutoras necessárias para a obra.

    Essa e outras obras têm como objetivo diminuir cada vez mais a área atendida pelo Cantareira e evitar o colapso do sistema que abastece hoje 5,2 milhões de pessoas (ele já chegou a atender 8,8 milhões).

    OUTROS MANANCIAIS

    Todos os outros mananciais também tiveram alta nesta quinta-feira em comparação com o dia anterior. O nível da represa de Guarapiranga, que fornece água para 5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, avançou de 71,6% para 72,2%.

    Já o nível do reservatório Alto Tietê, que também sofre as consequências da seca, opera com 20,4% de sua capacidade, após subir 0,2 ponto percentual.

    O sistema abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo. No dia 14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto , que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo).

    O reservatório Rio Grande, que atendem a 1,5 milhão de pessoas, está com 93,3% sendo que no dia anterior o nível era de 92,7%. Já o reservatório Rio Claro, que também atende 1,5 milhão de pessoas, avançou 0,1 ponto percentual e agora opera com 39,9%.

    O sistema Alto Cotia opera com 53,3%. Na quarta-feira, o reservatório que fornece água para 400 mil pessoas, operava com 52,3%.

    A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024