• Cotidiano

    Monday, 06-May-2024 05:20:17 -03

    Carlos Jorge Guimarães (1923-2015) - Fez planos até o último dia de vida

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    20/03/2015 00h01

    Não é porque estava beirando os 92 anos e internado em uma UTI que Carlos Jorge Guimarães deixava de fazer planos para o futuro.

    Os últimos incluíam comprar um carro novo —tinha acabado de renovar sua carteira de motorista por mais três anos— e participar do protesto de 15 de março na avenida Paulista. Por infortúnio, foi justamente quando morreu, de pneumonia.

    Carlos era assim, não se abatia por maior que fosse o obstáculo. Órfão de pai desde os cinco anos, começou a trabalhar cedo para ajudar no sustento da mãe e dos quatro irmãos. Foi uma época de grande dificuldade, quando precisaram viver de favor.

    O tempo foi passando, ele estudou e chegou a São Paulo, sempre acompanhado do bom humor que lhe era característico e de Noêmia, uma prima distante e sua namorada desde que eram novinhos.

    Trabalhou primeiro na Caixa e, depois, fez concurso para o Banco do Brasil, onde se aposentou no começo da década de 1980 como gerente.

    Até o ano passado, fazia encontros com os ex-colegas.

    Nas horas de folga, gostava de ler o jornal e acompanhar assuntos da área econômica. Também investia na bolsa.

    Outro passatempo era o Corinthians. Logo após Carlos ser internado, um genro, palmeirense, foi comprar chinelos para o sogro. Da loja onde estava, brincou: "Aqui só tem do Palmeiras e roxo com bolinhas". "Traz o de bolinhas", respondeu o corintiano sem titubear.

    Viúvo havia quatro anos, o paulista de Ibaté deixa quatro filhos, seis netos e uma bisneta prestes a nascer.

    coluna.obituario@uol.com.br

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024