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    Therezinha Godoy Zerbini (1928-2015) - Fundou o Movimento Feminino pela Anistia

    DE SÃO PAULO

    21/03/2015 00h01

    Therezinha Zerbini se destacou pela "coragem de mamãe onça" —nas palavras dela— com que enfrentava situações difíceis, como os seis meses em que ficou detida durante a ditadura. Ao mesmo tempo, era reconhecida pela delicadeza e gentileza no trato com as pessoas.

    Em entrevista à Folha, afirmou acreditar só não ter sido torturada porque desafiou seu algoz. "Capitão, tenha compostura, eu não estou aqui para ouvir grito", disse.

    Casada com o general Euryale de Jesus Zerbini, cassado e reformado no golpe de 1964, nunca quis que o marido pedisse ajuda para tirá-la da prisão. "Entrei e saio dessa sozinha", dizia.

    Advogada, foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional por sua defesa dos direitos humanos durante a ditadura.

    No presídio Tiradentes, em São Paulo, onde conheceu a presidente Dilma, era chamada de "burguesona", pois sua família sempre lhe enviava "coisas gostosas", como pernil e laranjas, que eram divididas com as companheiras.

    Therezinha, que não era comunista, mas sim "uma mulher aberta", fundou em 1975 o Movimento Feminino pela Anistia, que lutava pela redemocratização do país.

    O anseio de mudança vinha desde os 16 anos, quando, com tuberculose, foi para um sanatório e viu "a diferença entre ricos e pobres".

    Conheceu o marido na época em que trabalhava no hospital do Mandaqui. Ele, 20 anos mais velho, comandava a Força Pública do Estado, e Therezinha foi pedir ajuda para erguer um muro que caíra.

    Morreu no sábado (14), aos 86. Viúva desde a década de 1980, deixa os filhos, Eugenia e Euryale, e duas netas.

    coluna.obituario@uol.com.br

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