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    Programa federal para ampliar oferta de água tem baixa adesão

    VENCESLAU BORLINA FILHO
    DE CAMPINAS

    22/03/2015 02h00

    Criado há 14 anos pelo governo federal, o programa Produtor de Água ainda não vingou na região das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, onde está o Cantareira, principal sistema que serve a Grande São Paulo.

    Com foco no pagamento a proprietários rurais por serviços ambientais, o programa cria condições, com parceiros públicos e privados, para melhorar a oferta e a qualidade da água.

    Dos 76 municípios da bacia, só três participam: Extrema (MG), Joanópolis e Nazaré Paulista (SP). Nas três cidades são 104 contratos com proprietários.

    Contra a baixa adesão, nos três casos pesam os bons resultados obtidos junto aos donos de imóveis rurais.

    Segundo especialistas, boas práticas como manutenção de florestas e novos plantios de árvores evitam erosão no solo e facilitam a absorção da chuva, elevando o volume do lençol freático e o surgimento de pontos de água.

    Nas nascentes protegidas de Extrema, a produção de água se manteve na seca de 2014. Já as degradadas secaram. Essas nascentes abastecem o Jaguari, um dos fornecedores para o Cantareira.

    Extrema foi a primeira na bacia a aderir ao programa, em 2005. Dele participam a prefeitura, a ANA (Agência Nacional de Águas), o IEF (Instituto Estadual de Florestas), os comitês das bacias, ONGs e empresas.

    Em Joanópolis, o agricultor Benedito Sebastião da Silveira, 67, é remunerado por proteger as seis nascentes da sua fazenda, além de conservar as áreas de preservação permanente, que foram reflorestadas, e as barragens que impedem o assoreamento de córregos com as chuvas.

    "Depois que a gente vê o resultado, nem há necessidade de remunerar", diz o advogado Bertolino Luiz da Silva, 79, dono de um sítio em Nazaré Paulista.

    Na propriedade dele, foram plantadas 2.500 árvores. Também foram feitas nove pequenas barragens, para impedir que sedimentos sigam para os córregos. Por conservar tudo isso, ganhou R$ 2.500. Os pagamentos são semestrais, mediante inspeções técnicas.

    As nascentes na terra de Silva ajudam a abastecer uma das represas do Cantareira. Segundo ele, se não fossem as árvores, elas teriam sido mais atingidas na seca. "A vazão da água caiu só 10%."

    Devanir Garcia dos Santos, coordenador da ANA, disse acreditar que a crise hídrica vai aumentar o interesse pelo programa."É difícil demonstrar cientificamente o que se vê na prática: mais água, de melhor qualidade."

    Segundo ele, o último edital do programa previa oito projetos, mas selecionou 18.

    Em nota, a Sabesp, uma das mais beneficiadas com a conservação nas bacias, informou que atua de forma direta e indireta. Como forma direta, citou a recuperação no entorno do Cantareira e ações de compensação como obras do Rodoanel.

    De forma indireta, informou que os comitês dos rios é que têm responsabilidade de investir recursos captados por meio da cobrança do uso da água. Nas bacias, é cobrado R$ 0,01 por mil litros usados.

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