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    Setores da indústria conseguem reduzir o consumo de água

    EDSON VALENTE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/03/2015 02h00

    A maioria das indústrias (67%) de São Paulo tem hoje a preocupação de rever seus processos de produção para reduzir o consumo de água.

    A adoção de fontes alternativas à rede de abastecimento, entretanto, é uma realidade para menos da metade das empresas (45%), segundo uma pesquisa realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) no ano passado.

    O reúso é mais comum no setor industrial, que consome 40% da água disponível para abastecimento da Grande São Paulo e da Baixada Santista, segundo o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de SP).
    Segundo a Fiesp, 65% das grandes e médias empresas paulistas adotam esse expediente para economizar água.

    Na Ford, a meta para o período de 2009 a 2015 era reduzir em 30% o consumo de água nas fábricas, ou seja, gastar 3.800 litros a menos em cada veículo produzido.

    Wanderley Affonso/Divulgação
    Carro passa por processo de fosfatização; a água é reaproveitada em outras atividades, como na pintura
    Carro passa por processo de fosfatização; a água é reaproveitada em outras atividades, como na pintura

    No Brasil, as fábricas da montadora em São Bernardo do Campo (SP) e Camaçari (BA) economizaram mais: cerca de 60% nos últimos cinco anos (ou 240 piscinas olímpicas por fábrica). Para isso, a Ford mudou sua produção.

    Na unidade baiana, a diminuição do uso de lubrificantes gerou economia de 1,2 milhão de litros de água/ano. 

    A fábrica de motores da marca adotou tecnologia que só lubrifica as ferramentas de corte no momento necessário, com um spray muito fino.

    Assim, elas não precisam ser banhadas em fluidos que consomem muita água.

    "Trabalhamos com base na redução por veículo produzido", diz Edmir Mesz, supervisor de qualidade ambiental da Ford América do Sul.

    Na Volkswagen do Brasil, a redução no gasto de água na produção de cada veículo foi de 11% entre 2010 e 2014, com medidas como a modernização da unidade de pintura da planta de Taubaté (SP).

    Já a fábrica de caminhões da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo (SP), conseguiu cortar o consumo anual em 84 milhões de litros com ações como substituir vasos sanitários de 10 e 12 litros por outros de seis litros.

    Para reduzir o consumo em 10% nos últimos dois anos, a multinacional de bebidas Ambev criou uma competição entre suas fábricas para premiar os três melhores projetos de economia de água.

    Com parcerias locais, a empresa economizou 984 milhões de litros em 2014.

    A Ambev trata efluentes para serem reutilizados na refinaria do Alumar (Consórcio de Alumínio do Maranhão), grupo formado por Alcoa, Rio Tinto Alcan e BHP Billiton, ou para irrigar a plantação de cana de açúcar da Usina São José, em Pernambuco.

    A Pepsico tem um programa de uso racional de água desde 2006 -no mundo, a empresa gasta 3,2 litros do insumo para cada quilo de alimento produzido. 

    Em nove anos, o consumo caiu 31% no Brasil com a readequação de equipamentos e de mangueiras e a correção de válvulas. As fábricas de Sorocaba (SP) e Recife (PE) reduziram os gastos acima da média nacional -em 81% e 51%, respectivamente.

    JARDINS FILTRANTES

    A Natura consome cerca de 290 milhões de litros de água por ano e adota o reúso desde 2000 na fábrica de Cajamar (SP), para regar os jardins e limpar áreas comuns. 

    Em seu novo parque industrial, inaugurado no Pará no ano passado, a empresa criou jardins filtrantes. 

    Neles, os efluentes industriais são tratados sem produtos químicos; as bactérias nas raízes das plantas decompõem os poluentes.

    A meta da Natura é que, em 2050, esse líquido residual seja tão limpo quanto o recebido da rede de abastecimento, afirma João Mocelin, diretor industrial da companhia.

    Até lá, a empresa tem projetos de novas aplicações para a água de reúso, como abastecer o ar-condicionado e gerar vapor.

    Em alguns estádios usados na Copa do Mundo de 2014, a chuva é reaproveitada para irrigar o gramado e abastecer descargas e banheiros.

    No Maracanã, reformado pela Odebrecht, essa água é recolhida em 25 mil m² dos 47 mil m² da cobertura e enche dois reservatórios, um de 920 m³ e outro de 1.230 m³. "Obedecemos a recomendações da Fifa e as exigências do BNDES", afirma Bernard Malafaia, gerente de engenharia do Maracanã.

    Já a Fibria, produtora de eucalipto de celulose, recicla 84% da água captada para suas três unidades. "A mesma água circula na fábrica cinco ou seis vezes", diz Umberto Cinque, gerente-geral de Meio Ambiente Industrial.

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