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    Günther Josef Hamann Junior (1959-2015) - Cuidou da morte ainda em vida

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    23/03/2015 00h00

    Apesar de ter morrido subitamente de um infarto, aos 55 anos, Günther Hamann deixou para o filho uma carta, espécie de testamento explicando quem deveria ficar com o quê —de seus discos e livros até outros bens maiores.

    Depois de perder o pai no último 31 de dezembro e ver o trabalho que a família teve para reunir documentos e tomar outras decisões, Günther resolveu deixar sua vida (ou, no caso, morte) organizada.

    Jornalista exigente e perfeccionista, inclusive com o texto dos colegas, era também muito generoso. Fazia o estilo chefe-professor: ensinava como fazer uma boa reportagem, da apuração à estruturação dos parágrafos.

    As "aulas" incluíam até como se vestir adequadamente —entrevistar o diretor de uma empresa usando jeans, por exemplo, nem pensar.

    Físico de formação, tinha um texto primoroso. Porém, entrou para o jornalismo por causa da fotografia e dedicou boa parte da carreira à edição de arte, função que também exerceu na Folha.

    Trocava as manhãs por madrugadas de trabalho, às vezes precedidas por uma ida ao bar com os colegas, às vezes permeadas por café e cigarro. Boêmio assumido, convidava as pessoas para reencontros com um "vem beber comigo porque tenho sede".

    Apreciava bons restaurantes, que sempre indicava, assim como livros, filmes e músicas. Sua paixão por Shakespeare inspirou o nome do filho, Iago —de "Otelo".

    Além do filho, deixa a mãe, Eunice, as irmãs, Hanna e Betinha, e os sobrinhos, Hayko e Karyn. Günther morreu na noite de terça (17), subindo as escadas para o escritório.

    coluna.obituario@uol.com.br

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