Nos últimos tempos, Manoel Valente Barbas passava horas na frente do computador. Escrevia uma nova versão do teorema de Pitágoras.
Ali perto, sacos guardavam centenas de origamis, outro de seus talentos. Não muito longe, livrinhos ilustrados de contos e textos sobre a genealogia de tradicionais famílias paulistanas, tudo escrito (e desenhado) por ele.
Manoel era um engenheiro que dominava muito mais que números. Tinha imenso talento para a escrita e para trabalhos manuais —chegou a fazer cintos de macramê para a mulher, Norma.
Formado pela Escola Politécnica da USP, participou da ampliação de diversas refinarias de petróleo pelo país. Teve ainda seu próprio escritório, onde fazia projetos.
Com a aposentadoria, há mais de duas décadas, encontro tempo para outras paixões.
Devido a suas investigações sobre as famílias paulistanas, ajudou a fundar a Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia.
Além de contos, escreveu peças de teatros. Em suas ilustrações, retratou bandeirantes e artefatos coloniais.
Conheceu Norma no colegial. Conta-se que, quando a garota entrou na sala de aula no dia 15 de março de 1945, Manoel disse: "É essa".
O primeiro presente que deu para a então namorada foi uma árvore com bichinhos, tudo de origami. Costumava dobrar qualquer papel, até guardanapos no restaurante –que depois distribuía entre clientes e garçons.
Morreu no dia 11 de março, após problemas na vesícula, aos 84. Deixa Norma, as filhas, Maria Célia e Maria Cláudia, o neto, Felipe, e três irmãos.