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    Morre filha de vítima atingida por PM em briga de vizinhos em São Paulo

    DE SÃO PAULO

    26/03/2015 11h13

    Morreu na madrugada desta quinta-feira (26) a recém-nascida Jurema, batizada com o mesmo nome da avó, morta por um policial militar durante uma briga de vizinhos no último final de semana na zona norte de São Paulo.

    O bebê havia nascido no último domingo (22), aos seis meses de gestação, após a mãe, nora da vítima, ter sido baleada na barriga pelo mesmo PM. Levada ao hospital, a jovem de 18 anos teve um parto prematuro. Ela permanece internada, e não há informações sobre o estado de saúde.

    Um irmão de Jurema, de 17 anos, também foi atingido por um tiro de raspão nas costas, mas passa bem.

    Fernando Neves/Brazil Photo Press/Folhapress
    Carro cheio de sangue após socorrer vítimas baleadas por PM
    Carro cheio de sangue após socorrer vítimas baleadas por PM

    Segundo Antônio João Agostinho, 43, marido de Jurema Cristina Bezerra, 39, um de seus filhos estava na frente da casa da avó, que é vizinha de um policial, por volta das 19h, quando o cabo Gílson de Souza Teixeira passou de carro e iniciou uma discussão. Ao perceber a confusão, a família saiu para separar a briga.

    Ao ver que o PM estava armado, Jurema pegou o celular para registrar o ocorrido. Neste momento, o policial atirou. Ela foi atingida por três tiros no peito.

    "Ela queria gravar para levar na Corregedoria da PM. Não era a primeira vez que ele ameaçava alguém da família", contou o marido de Jurema.

    As vítimas foram levadas para o pronto-socorro do Jaçanã, mas Jurema já chegou morta. Gabriela passou por uma cesárea e uma cirurgia para retirada das balas.

    Mãe de cinco filhos, Jurema era bacharel em Direito, recém-formada em farmácia e cursava o terceiro ano do curso de odontologia.

    O policial fugiu de carro do local, mas se entregou no 73º DP no fim da noite. Ele foi preso e encaminhado para o presídio Romão Gomes, da PM.

    CASO ANTIGO

    Agostinho contou que a briga entre o policial e a família acontece há mais de um ano. O motivo inicial seria uma casa em um conjunto habitacional que a sobrinha de Jurema recebeu, mas que, de acordo com ele, já estava ocupada pela irmã do policial.

    No dia em que receberia a casa, Jurema e o filho acompanharam a sobrinha. Houve uma discussão entre as famílias e Jurema foi agredida por Gilson. Na época, Jurema fez o boletim de ocorrência na 73º DP e comunicou o batalhão em que o policial atuava. Segundo Antônio, ameaças ao filho e ao cunhado eram frequentes.

    "Vou enterrar minha esposa de forma digna e depois procurar justiça, porque a justiça tem que ser feita", afirmou.

    A Polícia Militar não se pronunciou sobre o caso. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do policial.

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