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    Lucino de Castro Neto (1957-2015) - Zé Benedito, um artista das ruas de Teresina

    PHILIPPE SCERB
    DA EDITORIA DE TREINAMENTO

    31/03/2015 00h01

    Foi interpretando canções de Raul Seixas, Fagner e Julio Iglesias em bares de Teresina, sua cidade natal, que Lucino deu os primeiros passos como artista popular, há mais de três décadas.

    Na época, ainda ganhava a vida consertando aparelhos eletrônicos. Famoso por recuperar lâmpadas queimadas, era chamado de "cientista louco" na rua onde morava.

    O apelido, no entanto, seria esquecido com a invenção do personagem Zé Benedito, no início dos anos 2000.

    Inspirado em viagens ao interior do Piauí, Lucino decidiu homenagear a cultura do Estado. Com um microfone e uma caixa de som, saía pelas ruas e mercados da capital fazendo shows que iam do folclore à música brega.

    Até greves e protestos sindicais em Teresina viravam palco para Zé Benedito, que podia ser visto arrancando muitos risos e vendendo CDs aos manifestantes.

    O ponto alto das apresentações era quando começava a contar causos e recitar poemas engraçados que havia aprendido em contato com "o povo da roça", como dizia.

    "Quando eu tô doente/ É a cama que me socorre/ Na cama eu curo a ressaca/ Depois de um dia de porre", costumava declamar.

    O poema não era dele, mas Lucino pretendia incluí-lo em um livro sobre cultura popular que estava preparando.

    Aliás, Zé Benedito não bebia nem buscava socorro na cama. Diabético, estava deitado na rede quando foi levado ao hospital na segunda (23), com hipoglicemia.

    Morreu um dia depois, aos 57. Deixa a mulher, Francisca, cinco filhos e dois netos.

    coluna.obituário@uol.com.br

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