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    Crise da água

    Sabesp diz que vai pedir reajuste maior do que 13,8% na conta de água

    FABRÍCIO LOBEL
    GIOVANNA BALOGH
    DE SÃO PAULO

    31/03/2015 12h00

    Em meio à maior crise hídrica do Estado, a Sabesp, empresa paulista de saneamento, pedirá um reajuste da tarifa de água e esgoto acima dos 13,8% já autorizados pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo). Mesmo não detalhando o reajuste desejado, a Sabesp disse que o valor autorizado pela Arsesp fica aquém do esperado.

    No início de março, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e a Sabesp haviam pedido para que a Arsesp aumentasse a tarifa de água e esgoto. Para fazer o pedido, a Sabesp enviou à agência um relatório sobre o aumento do custo do tratamento de água e a redução da água vendida pela empresa.

    Depois de analisar os dados, a Arsesp concluiu nesta segunda-feira (30) que a tarifa poderia ser reajustada em 13,8%. Esse índice só será aplicado às contas após um período de consulta pública. É nesse período que a Sabesp pretende questionar a metodologia da agência e pleitear um aumento maior

    "Nossa visão é que esse aumento está aquém do que tínhamos calculado", avalia o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Rui Affonso. Segundo ele, o fator x - índice do desempenho da empresa para se chegar ao valor do reajuste - não foi o esperado pela empresa. "Esse fator x não nos parece apropriado", relatou nesta terça-feira (31) durante a conferência em que executivos da empresa explicaram o balanço da empresa à investidores e jornalistas.

    De acordo com Affonso, o bônus proposto pela Sabesp a quem reduzir o consumo de água não deverá entrar na conta para a revisão da tarifa. "A Sabesp está pleiteando um equilíbrio econômico financeiro para garantir o abastecimento", relata o diretor.

    De acordo com a Arsesp, o reajuste autorizado foi de 6,3% para repor as despesas com energia elétrica e queda do consumo e mais 7% de correção inflacionária acumulada em um ano pelo IPCA (Índice de Preços aos Consumidor Amplo), além de outros fatores econômicos para chegar nos 13,8%. O aumento deve valer a partir de 11 de abril, com aplicação a partir de 11 de maio.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Queda no lucro da Sabesp
    Queda no lucro da Sabesp

    Por conta da crise hídrica, a empresa é afetada em dois pontos principais: 1) forte redução da receita em consequência da diminuição do consumo de água e do desconto concedido a clientes que conseguem economizar e 2) as obras e investimentos emergenciais que a Sabesp precisa fazer para tentar garantir o fornecimento de água.

    O último reajuste na conta da Sabesp entrou em vigor em dezembro do ano passado e foi de 6,49%. O reajuste, que era para ter sido aplicado em abril de 5,4% foi adiado para o fim do ano, período pós-eleição onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) venceu e conseguiu a reeleição.

    Segundo a Arsesp, a Sabesp pede o reajuste nas contas alegando o "aumento do custo de energia elétrica e a redução na demanda decorrente da crise hídrica". Conforme mostrou reportagem da Folha, a crise da água faz lucro da Sabesp despencar em 2014.

    Se em 2013 a empresa paulista de saneamento lucrou R$ 1,9 bilhão, no ano passado esse valor despencou para R$ 903 milhões.

    A deterioração é explicada pela combinação entre uma queda de 6,7% da receita bruta (equivalente a R$ 636 milhões) -provocada pela adoção de descontos para clientes que reduzam o consumo-, um aumento de 13,6% nas despesas da empresa (valor de R$ 1,1 bilhão) e de 18,5% nos investimentos chegando a R$ 3,2 bilhões.

    A desvalorização do real complicou ainda mais a situação da empresa. Cerca de 40% da dívida da Sabesp é em moeda estrangeira, mas a empresa não conta com instrumentos financeiros de proteção contra depreciação cambial.

    DÍVIDAS DE MUNICÍPIOS

    Durante a conferência, executivos da Sabesp disseram que intensificarão a cobrança das dívidas de municípios da Grande São Paulo com a empresa. Segundo a estatal, juntos, os municípios de Guarulhos, Mauá e Santo André devem à Sabesp R$ 6,6 bilhões de reais, em valores corrigidos.

    A origem da dívida são indenizações não pagas pelos municípios quando eles decidiram tirar da Sabesp o serviço de saneamento, na década de 90, e a falta de pagamento por serviços prestados. Segundo a Sabesp, a empresa fornece água a esses municípios e não recebe o pagamento devido pelo serviço.

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