• Cotidiano

    Thursday, 02-May-2024 11:21:24 -03

    Em três meses, USP tem dez sequestros-relâmpago

    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE SÃO PAULO

    01/04/2015 02h00

    Desde o início do ano até a última sexta (27), a polícia registrou dez sequestros-relâmpago dentro do campus da USP, no Butantã (zona oeste de São Paulo), e mais 12 casos no entorno próximo, segundo a Folha apurou.

    A Secretaria da Segurança Pública informou que, desde fevereiro, o secretário Alexandre de Moraes se reuniu duas vezes com a reitoria da USP para melhorar o combate a crimes no campus. Cerca de 20 PMs estão sendo treinados para atuar na universidade.

    O modo de agir dos criminosos nos casos de sequestro-relâmpago é sempre parecido: abordam um carro e fazem o motorista refém por vários minutos, às vezes horas, forçando-o a realizar saques em caixas eletrônicos.

    "Ninguém está seguro em lugar nenhum. A insegurança na USP é igual à do resto da cidade. A gente anda olhando para trás", disse nesta terça (31) um homem que trabalha próximo à praça dos Bancos, dentro do campus.

    De acordo com alunos, funcionários e taxistas ouvidos pela Folha, os crimes mais comuns são os roubos –em especial de bicicletas, no início da manhã– e as áreas mais críticas são as próximas dos portões da Cidade Universitária.

    Não há estatísticas sobre outros tipos de crime registrados neste ano no campus.

    PRISÕES

    Os 22 sequestros-relâmpago são investigados pelo 93º DP (Jaguaré). Segundo a Secretaria da Segurança, a delegacia já prendeu um dos autores de ao menos dois casos.

    Também identificou outro que, além desses dois registros, foi reconhecido por vítimas de uma terceira ocorrência. Além disso, 39 pessoas foram presas na área por crimes diversos, conforme a pasta.

    TROCA DE CHEFIA

    Segundo a secretaria, os policiais militares que estão recebendo treinamento para fazer policiamento comunitário na USP serão, em breve, apresentados ao Conselho Universitário (órgão máximo de deliberação da instituição) e aos diretórios acadêmicos, que representam os alunos.

    Tradicionalmente, há resistência das entidades estudantis em aceitar a presença ostensiva da PM no campus. Entre os motivos, as agremiações dizem considerar que a polícia pode reprimir atividades de cunho político e social.

    No fim de janeiro, o professor do departamento de medicina veterinária José Antonio Visintin assumiu a chefia da segurança no campus.

    Visintin substituiu a antropóloga Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, cuja gestão foi marcada por tensão em torno das denúncias de abuso sexual na Faculdade de Medicina. Ela considerou o caso grave e criticou a faculdade.

    O debate sobre a intensificação do policiamento ocorreu na gestão anterior à da antropóloga, a do coronel aposentado Luiz de Castro Jr.

    O policiamento cresceu na esteira da morte do estudante Felipe de Paiva, 24, durante um assalto no estacionamento da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), em 2011.

    Procurada, a USP confirmou as reuniões com o secretário da Segurança, mas afirmou que ainda não tem detalhes do novo policiamento.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024