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    São Paulo estuda premiar usuário de crack que fizer tratamento

    ESTEVÃO BERTONI
    DE SÃO PAULO

    08/04/2015 02h00

    O governo Geraldo Alckmin (PSDB) estuda implantar na cracolândia um programa que dá prêmios a usuários de crack que aderirem a tratamentos para largar a droga.

    A ideia é fazer uma parceria com a Unifesp (Universidade Federal de SP), que já o desenvolve desde 2012 na zona norte da capital, numa unidade de saúde do Estado.

    Editoria de arte/ Folhatress

    Um vale, que poderá ser trocado por qualquer produto, com exceção de bebidas alcoólicas e cigarros, será oferecido a pacientes que aceitarem receber ajuda e que tiverem resultado negativo para a droga em exames de urina.

    No programa da Unifesp, pacientes compraram celulares, bicicletas e micro-ondas.

    Quanto mais tempo o usuário ficar sem usar crack, maior o valor do benefício.

    Chamado de "incentivos motivacionais", o método está sendo testado há três anos com 65 pacientes no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) da Vila Maria, como parte do trabalho de doutorado em psiquiatria do pesquisador André Miguel.

    A tese é orientada pelo professor da Unifesp Ronaldo Laranjeira, que coordena o Programa Recomeço, do governo do Estado, voltado a usuários de crack. Para ser implantada na cracolândia, a iniciativa espera aprovação da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).

    A proposta é que o programa funcione na unidade do Recomeço da rua Helvétia, no centro, a partir de junho.

    O tratamento é similar a qualquer outro do SUS voltado a usuários de drogas: consulta com psicólogos e terapia ocupacional.

    Segundo André Miguel, 20% dos pacientes do programa na Vila Maria, que tem financiamento de R$ 194 mil da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP), conseguiram a abstinência nas 12 semanas do teste.

    Em outro grupo, que passou apenas pelos tratamentos, nenhum usuário conseguiu atingir a meta no mesmo período. Entre 35% e 37% dos usuários tiveram redução substancial no consumo de crack, segundo André Miguel. A adesão foi de 57%.

    Ao iniciar o programa, o usuário passa por exames de urina e de bafômetro. Se der negativo, ganha um vale de R$ 7 (R$ 5 pela abstinência do crack e R$ 2 pela do álcool).

    Dois dias depois, se o resultado for o mesmo, o valor vai para R$ 9. No terceiro teste, também num intervalo de dois dias, caso a abstinência perdure, o vale atinge R$ 11. O paciente é premiado ainda com mais R$ 30 por ter ficado a semana toda sem drogas.

    Após a terceira semana e até o fim do programa, o prêmio é de R$ 17 por teste. Em três meses, caso todos os exames deem negativo, o paciente pode receber até R$ 942. O programa acompanha o paciente na compra.

    Caso o exame dê positivo, a pessoa não ganha o vale e pode recomeçar o programa.

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