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    Rio de Janeiro

    Só pensei na minha mãe e comecei a chorar, diz menina presa em ônibus

    LUIZA FRANCO
    FELIPE DE OLIVEIRA
    DO RIO

    10/04/2015 17h03

    "Quando meu braço ficou preso, eu só pensei na minha mãe, comecei a chorar e chamar por ela. Para mim, pareceu muito tempo. Quando lembro, fico nervosa", disse Jheniffer Florencio, 6, que ficou pendurada, presa apenas pelo braço, em um ônibus do sistema BRT na noite desta quinta-feira (9).

    Segundo a família, dentro do coletivo, passageiros gritaram para o motorista parar e tiveram seus pedidos ignorados. O funcionário da Viação Santa Maria, Claudio Amilton, só parou cerca de 1,8 km depois, na estação seguinte, segundo a família.

    O coletivo seguia pelo chamado corredor expresso Transcarioca (que faz a conexão entre Barra da Tijuca, na zona oeste, e o aeroporto internacional do Galeão). Entre os passageiros estava Jheniffer acompanhada pela tia, Michele Florencio, 30, e a avó materna. Elas estavam a caminho do cinema.

    Ricardo Borges/Folhapress
    Jéssica Florêncio ao lado da filha Jenifer, que ficou pendurada do lado de fora de um ônibus
    Jessica Florencio ao lado da filha Jheniffer, que ficou pendurada pelo braço em um ônibus no Rio

    Ao chegar na estação Maré do BRT, as três se preparavam para desembarcar quando o motorista acelerou com o ônibus e acionou o fechamento das portas. Jheniffer já estava com o corpo para fora do veículo e acabou ficando presa por um dos braços.

    De acordo com o relato das parentes de Jéssica, ao parar na estação do BRT próxima à Universidade Federal do Rio de Janeiro, o motorista abandonou o ônibus sem dar explicações. Horas depois, ele compareceu a uma delegacia para prestar depoimento sobre o caso.

    A mãe de Jheniffer, Jessica Florencio, recordou o momento em que reencontrou a filha ainda na estação do BRT: "Ela me abraçou chorando muito. Só gritava: mãe, mãe".

    OUTRO LADO

    A Folha não conseguiu localizar o motorista do ônibus para ouvir sua versão.

    De acordo com o diretor da viação Santa Maria, Paulo Valente, "ele alegou que teria sido agredido por usuários de crack dentro do coletivo. Por estar nervoso, não teria prestado atenção no embarque e desembarque". Segundo o diretor, a conduta do motorista foi irresponsável.

    O Consórcio BRT informou que o motorista foi demitido por justa causa e que sua atitude "não condiz com a postura que se espera dos profissionais do sistema". Ele trabalhava na empresa havia seis meses e não havia outros incidentes em sua ficha.

    Segundo o consórcio, as imagens das câmeras de segurança serão colocadas à disposição das autoridades policiais, para investigação.

    A viação Santa Maria afirmou que entrou em contato com os familiares de Jheniffer para prestar auxílio, e que está à disposição para ajudar nos eventuais gastos em medicações com a criança.
    O caso foi registrado como lesão corporal culposa, cuja pena é de até três anos.

    Segundo o Consórcio BRT, o motorista foi demitido por justa causa e sua atitude "não condiz com a postura que se espera dos profissionais que atuam no sistema".

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