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    Faxineiro se enrola na bandeira do Corinthians e escapa da chacina

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    19/04/2015 13h52

    "Chegaram me 'aguentando' e mandaram todo mundo deitar. Falaram para eu me enrolar na faixa do Corinthians. Depois, só ouvi os tiros".

    O relato é de um faxineiro da torcida Pavilhão Nove. Ele falou a jornalistas, durante a madrugada, logo após a chacina na sede da torcida corintiana, mas pediu para não ser identificado.

    Ele disse que terminava de lavar o banheiro da sede, logo após uma festa de confraternização, quando dois homens loiros chegaram e ordenaram que as 12 pessoas que estavam no local se deitassem. Um terceiro homem teria participado da ação.

    Segundo a polícia, quatro deles conseguiram escapar, correndo para fora da sede da torcida, que fica embaixo da ponte dos Remédios, próximo à marginal Tietê, na zona oeste de São Paulo.

    Os oito integrantes da torcida que sobraram, disse o faxineiro, foram obrigados a se deitar de bruços. "Aí só ouvimos tiros e apaguei. Fiquei como morto", disse.

    De acordo com a mãe de um dos jovens mortos, um rapaz conseguiu se salvar porque as balas da arma acabaram.

    VÍTIMAS

    Uma das vítimas é Fábio Neves Domingos, 34, conhecido como "Du Memo". Ele foi um dos torcedores corintianos detidos pela morte do jovem torcedor boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, 14, durante o jogo entre San José x Corinthians, em Oruro (a 230 km de La Paz), pela fase grupos da Taça Libertadores da América, em 2013.

    As demais vítimas são: Ricardo Júnior Leonel do Prado, 34, André Luiz Santos de Oliveira, 29, Matheus Fonseca de Oliveira, 19, Jhonatan Fernando Garzillo Massa, 21, Marcos Antônio Corassa Júnior, 19, Mydras Schmidt Rizzo, 38, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, conhecido com "Edilsinho", 21.

    Editoria de Arte/Folhapress

    CHACINA

    Oito homens morreram no final da noite deste sábado (18) em uma chacina na quadra da Pavilhão Nove, torcida organizada do Corinthians, na zona oeste de São Paulo. No momento do ataque, segundo a polícia, ocorria uma confraternização no local.

    Por ora, o delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Arlindo José Negrão Vaz, descarta a hipótese de briga de torcida na morte das vítimas na sede da torcida corintiana.

    A principal linha de investigação é que as mortes tenham algum tipo de ligação com o tráfico de drogas. Segundo a polícia, três dos mortos já responderam a inquéritos por roubo ou tráfico.

    Segundo relato de testemunhas à polícia, três homens invadiram a quadra da torcida, que fica embaixo da ponte dos Remédios, próximo à marginal Tietê, em São Paulo, por volta das 23h. Os assassinos mandaram as pessoas deitarem chão e atiraram contra a cabeça de sete delas, que morreram no local, segundo informações da Polícia Militar.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Ainda segundo essas testemunhas, os três homens são brancos, vestiam jaquetas e não estavam encapuzados. Imagens de câmeras de segurança da região, segundo apuração inicial da polícia, mostram apenas algumas pessoas fugindo da sede da torcida, e não a entrada dos criminosos.

    A oitava vítima também foi baleada dentro da quadra da torcida, mas conseguiu fugir para a rua. Ela caiu em um posto de combustível e foi levada ao Hospital das Clínicas, onde morreu logo em seguida. Segundo a Polícia Civil, foram encontradas cápsulas de pistola 9 mm próximo aos corpos das vítimas.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A torcida foi fundada em setembro de 1990, numa homenagem de amigos corintianos ao time de futebol da casa de detenção do Carandiru. A entidade tem como símbolo a figura de um dos irmãos Metralha, personagens da Disney, e atua também como bloco carnavalesco.

    As mortes estão sob investigação do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). O Corinthians enfrenta o Palmeiras neste domingo (19), às 16h, pela semifinal do Campeonato Paulista.

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