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    Apenas uma das vítimas de chacina em SP era alvo de atiradores, diz polícia

    SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
    DE SÃO PAULO

    20/04/2015 13h18

    O delegado Luiz Fernando Lopes Teixeira, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), afirmou na tarde desta segunda-feira (20) que apenas uma das oito vítimas da chacina na sede da torcida organizada do Corinthians Pavilhão Nove, na zona oeste de São Paulo, era alvo dos atiradores.

    Segundo Teixeira, Fábio Neves Domingos, 34, estaria envolvido com tráfico de drogas –ao menos duas das oito vítimas já tinham passagem por tráfico. "Por enquanto, a linha mais forte é o envolvimento de uma das vítimas com o tráfico de drogas, a disputa por algum ponto ou mais de drogas que teria motivado o crime." No domingo, entretanto, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) havia informado que três deles tinham passagem por tráfico e um por roubo.

    Por enquanto, a polícia não confirma que a ordem de execução tenha partido de alguma facção criminosa. A principal suspeita da polícia é que o crime tenha sido motivado por uma disputa por pontos de venda de entorpecentes na região, como na Ceagesp e sob a ponte dos Remédios, onde fica a sede da Pavilhão Nove.

    De acordo com o delegado, a polícia faz diligências para confirmar as informações levantadas até agora pelas investigações. "Estamos checando a informação se [os crimes] têm envolvimento com uma disputa por ponto de drogas na região da Ceagesp".

    O delegado disse ainda que a polícia conseguiu informações de dois suspeitos por meio de interceptações telefônicas do Denarc (departamento de narcóticos), que monitoraram conversas entre os traficantes e algumas das vítimas. "Nos temos agora a suspeita de dois nomes, dois apelidos que poderiam estar envolvidos e estamos checando. Inicialmente, falaram em dois ou três autores, mas podem ser mais", disse Teixeira.

    A polícia também investiga a hipótese de a chacina ser uma vingança a um duplo homicídio que ocorreu em Osasco, na Grande SP, em que uma das vítimas teria participado.

    O delegado também afirmou que policiais se infiltraram nas torcidas durante o clássico deste domingo (19) entre Corinthians e Palmeiras, pela semifinal do Campeonato Paulista, para levantar mais informações sobre o caso. As investigações estão sendo conduzidas em parceria com o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e o Denarc.

    Editoria de Arte/Folhapress

    CHACINA

    O crime aconteceu por volta das 23h do último sábado (18) ao final de uma festa na torcida. Segundo relato de testemunhas à polícia, três homens de pele branca –que não estavam encapuzados– entraram armados na sede.

    Ao menos quatro integrantes da torcida conseguiram escapar, um faxineiro foi poupado e os oito restantes acabaram rendidos.

    Forçados a deitar no chão, receberam tiros na parte posterior da cabeça. Seis vítimas foram atingidas por um tiro na nuca e uma delas também foi acertada no braço direito. Outro homem levou quatro tiros –um no ombro direito, um nas costas, um no maxilar esquerdo e um na coxa direita. E outra vítima foi atingida no tórax.

    Até a tarde desta segunda, dois suspeitos já tinham sido identificados, mas nenhum tinha sido preso. "Temos informações de dois apelidos dos suspeitos que teriam participado da chacina, mas não podemos ainda divulgar os nomes para não atrapalhar as investigações", afirmou o delegado, que destacou não haver indícios de envolvimento do crime organizado.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Esse foi o quarto caso de assassinatos em série na capital em menos de dois meses. Nos outros três (dois na zona sul e outro na norte ), 20 pessoas foram mortas a tiros.

    A Pavilhão Nove foi fundada em setembro de 1990, numa homenagem de amigos corintianos ao time de futebol da antiga casa de detenção do Carandiru. A entidade tem como símbolo a figura de um dos irmãos Metralha, da Disney, e atua também como bloco carnavalesco paulistano.

    Entre os mortos está Fábio Neves Domingos, 34, conhecido como "Du Memo". Ele foi um dos corintianos detidos em 2013 em Oruro, após um jovem boliviano ter sido morto por um sinalizador saiu da torcida corintiana.

    Imagens de câmera de segurança divulgadas pela TV Globo

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