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    Dengue assusta bairros do centro de SP que 'desconheciam' a doença

    FELIPE SOUZA
    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    24/04/2015 02h00

    Áreas de São Paulo onde a quantidade de casos de dengue sempre foi muito baixa, principalmente distritos do centro, passaram a conviver com esse assunto nas rodinhas de conversas pelas ruas.

    Na Liberdade, por exemplo, já há 38 casos confirmados. Embora não esteja em epidemia, é a área da capital com a maior explosão –porque teve só um caso em 2014 inteiro e nenhum em 2013.

    O cabeleireiro José Inaldo Furlan Mendes, 56, trabalha no bairro e foi infectado pela doença na última semana. "Dói tudo. Tive de ficar uma semana em casa", conta.

    Depois de melhorar dos sintomas e voltar ao batente, Mendes comprou uma raquete elétrica para caçar os mosquitos transmissores da doença. "Já acertei vários. Quem sabe agora eles não sentem pelo menos um pouco de medo", diz, sorrindo.

    Danilo Verpa/Folhapress
    O cabeleireiro José Mendes com a raquete que comprou para matar mosquitos após ser infectado na Liberdade (centro)
    O cabeleireiro José Mendes com a raquete que comprou para matar mosquitos após pegar dengue

    Com menor concentração de casas e mais comércios, outros pontos do centro, que pouco conviviam com a dengue, também estão tendo de enfrentar a doença de forma intensa. Por exemplo, Bom Retiro, Consolação e Sé que somam a maior quantidade de casos em cinco anos. No Pari, a situação é epidêmica.

    Também chama a atenção a penetração da doença em distritos residenciais que evitavam grandes surtos, como Ipiranga, com 118 casos (maior número desde 2010), Bela Vista e Cambuci.

    Especialistas dizem ainda não ser possível apontar motivos de expansão da doença para determinadas áreas.

    Mas a forte presença do vírus 1 da dengue neste ano (um dos quatro existentes), aliada à baixa imunidade de parte da população a esse sorotipo, é um dos fatores em análise.

    A pessoa infectada pela dengue fica imune ao mesmo tipo de vírus. Assim, em regiões pouco afetadas nos últimos anos, a tendência é que haja menor imunidade hoje.

    O secretário-adjunto municipal da Saúde, Paulo Puccini, diz que a quantidade de áreas em epidemia ainda deve crescer. Mas classifica a situação como "surto epidemiológico", por não afetar a cidade inteira. Para ele, estamos no pico de casos da doença, que deve se estender até maio.

    No balanço divulgado pela prefeitura no final de fevereiro, 29 distritos da cidade estavam imunes à dengue. Agora, só Marsilac (extremo sul) não registra casos da doença, o que é frequente devido à baixa densidade populacional.

    Editoria de Arte/Folhapress

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