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    Crise da água

    Engenheiro de SP cria chuveiro que dá banho 'infinito' com dez litros de água

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    24/04/2015 12h00

    Chegar em casa após um dia exaustivo e deixar a água cair em abundância num banho de uma hora pode, em breve, não ser mais um grande problema –mesmo em plena crise hídrica.

    Tudo isso graças à mais nova invenção do engenheiro mecatrônico Pedro Ricardo Paulino: um sistema capaz de dar um banho de tempo "infinito" com dez litros de água. Trata-se de um equipamento que recicla a água antes de devolvê-la para o chuveiro.

    O "Professor Pardal" do interior paulista é o mesmo que ficou conhecido por criar uma máquina que produz até 20 mil litros de água por dia a partir da umidade do ar. Ele chegou a propor a invenção ao governo como solução para a crise hídrica.

    Desta vez, o segredo é a instalação de um sistema de filtragem em alta velocidade que consegue dar conta de reabastecer o chuveiro.

    Depois de escorrer pelo ralo, a água suja passa por dois filtros. Em seguida, ela é pressurizada por uma bomba e então é filtrada outras duas vezes. O líquido então é enviado para outro reservatório, onde é desinfectado e esterelizado por meio de raios ultravioleta e ozônio. Cada kit de filtros custa no Brasil entre R$ 300 a R$ 400 e chega a durar até 400 banhos.

    Mesmo com todo esse sistema, o engenheiro não recomenda que mais de uma pessoa use a mesma água para tomar banho. "Com dez litros, a máquina inicia um novo ciclo que pode durar horas. Para evitar o risco de contaminação, criamos um dispositivo que descarta a água para o reservatório do vaso sanitário após o banho. Isso faz ela ser reaproveitada mais uma vez", afirma Paulino.

    Mas o engenheiro diz que nem mesmo após o primeiro ciclo de filtragem a água está purificada a ponto de ser ingerida. "Ele [sistema] tem um limite de saturação, principalmente se você sobrecarregá-lo com urina. Ele foi projetado para um uso racional."

    Editoria de Arte/Folhapress

    Segundo ele, a máquina ainda consome 70% menos energia que um chuveiro comum.

    Mas o preço dessa economia e a mãozinha ao meio ambiente ainda é bem salgado. O chuveiro mais barato será vendido por R$ 8.000 cada e o mais moderno, com luzes de led e acabamento em aço inox e policarbonato, R$ 25 mil. "O sistema ainda é caro porque este é o primeiro projeto, que nem sequer foi lançado. O preço vai cair bastante quando produzirmos em larga escala", afirmou.

    Paulino conta que os clientes dele em potencial são principalmente hotéis, academias e casas. "Já temos clientes interessados no Brasil e no exterior. Já imaginávamos isso porque só desenvolvemos o produto após chegarmos à conclusão de que o maior consumo de água de uma residência ocorre no banheiro", afirmou.

    Mas o super chuveiro, que começou a ser desenvolvido há seis meses, não é imbatível. Após um teste de cerca de 20 minutos acompanhado pela Folha, uma modelo contratada pela empresa disse que havia um pouco de sabão na água. O engenheiro afirmou que o problema ocorreu devido ao excesso de produtos que ela usou para fazer espuma numa sessão de fotos.

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