Aos sete anos, Reginaldo Alves Ferreira pegava a sanfona do pai para tocar escondido em sua casa, na pequena Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano.
Imitando os acordes de Luiz Gonzaga (1912-1989) e de outros artistas que ouvia no rádio, dominou sozinho o instrumento que tocaria até o fim da vida, por quase 68 anos.
Ainda criança, mudou-se com a família para Caruaru (PE), onde viveu por mais de três décadas. Foi padeiro, sapateiro, alfaiate, mas seu coração pedia a sanfona.
Em 1960, começou a trabalhar na Rádio Difusora, onde conheceu o ídolo, Gonzagão. Resolveu formar o Trio Nortista, com Jacinto Silva e Ivanildo Leite. Na banda, Reginaldo ganhou o apelido que o consagrou: Camarão. Chegara atrasado a uma apresentação e, esbaforido, tocou fora do ritmo. Jacinto olhou para o sanfoneiro, que estava com o rosto vermelho, e falou: "De novo, Camarão".
Mais tarde, Reginaldo fundou a Bandinha do Camarão, dedicada ao forró. Em 1969, tocou na festa de São João do Clube Intermunicipal de Caruaru. Luiz Gonzaga estava na plateia e, depois do show, resolveu levar a banda ao Rio para gravar dois LPs.
Reginaldo se tornou o Mestre Camarão: foi para Recife, fundou a Orquestra Sanfônica de Caruaru em 1992 e, em 1994, abriu a Escola Acordeon de Ouro, que formou mais de 150 sanfoneiros.
Morreu no Recife no dia 21, após uma infecção intestinal. No velório, as sanfonas dos colegas Cezzinha, Beto Hortis e Ítalo Costa choraram sua partida. Deixa a mulher, Maria da Penha, quatro filhos, sete netos e uma bisneta.
coluna.obituario@uol.com.br
-
VEJA AS MORTES E MISSAS PUBLICADAS NESTA SEGUNDA
MORTES
Gladys Wjuniski - Aos 85. Deixa os filhos Leo, Vitor e Ilton. Cemitério Israelita do Butantã.
Malake Behar - Aos 92. Deixa filhos. Cemitério Israelita do Embu.
Sérgio Brotero Junqueira - Aos 91. Casado com Alice Lacerda Teixeira Junqueira. Deixa filhas, enteada, netos e bisnetos. Cemitério Consolação.
*
6º ANO
Inah Quintão De Menezes Costa - Hoje (27/4), às 20h, paróquia Santuário São Judas Tadeu, av. Jabaquara, 2.682, Jabaquara.