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    'É uma longa estrada', diz família de brasileiro sobre fim da pena de morte

    RICARDO GALLO
    ENVIADO ESPECIAL A CILACAP (INDONÉSIA)

    28/04/2015 16h42

    A família de Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, afirmou, em comunicado divulgado logo após o fuzilamento na Indonésia, que a morte do brasileiro será uma lembrança de que a luta para abolir a pena de morte "é uma longa estrada a seguir".

    Rodrigo, que foi diagnosticado com esquizofrenia e transtorno bipolar, foi executado no início da tarde (no fuso do Brasil).

    O comunicado da família foi divulgado pelo advogado indonésio Ricky Gunawan. Nele, a família também agradeceu "o generoso apoio das pessoas ao redor do mundo" e disse que "a proteção aos direitos da pessoas com doença mental continuará a enfrentar ignorância e o ódio".

    O advogado falou ainda que a execução de alguém que sofria de esquizofrenia e transtorno bipolar, perturba nosso senso comum e choca nossa consciência moral. "O fato de um prisioneiro na Indonésia não poder obter tratamento de saúde e ser executado é ultrajante".

    "Esse é um precedente feio do qual a Indonésia nunca será capaz de redimir", acrescentou o advogado.

    Além de Rodrigo, também foram executados um indonésio, dois cidadãos da Austrália e quatro da Nigéria. Algumas pessoas que estavam diante do porto de Wijayapura, que dá acesso à ilha de Nusakambangan, chegaram a ouvir o som do fuzilamento.

    Uma filipina de 30 anos foi poupada da execução após a prisão da mulher apontada como responsável por colocar a droga em sua bagagem. A prisão aconteceu nas Filipinas.

    O corpo de Rodrigo será reconhecido pelo encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Jacarta, Leonardo Monteiro, e sairá direto da ilha em um comboio com sua prima Angelita Muxfeldt, rumo a Jacarta, onde ficará em um hospital para iniciar os preparativos para envio ao Brasil.

    O brasileiro pediu à família para ser enterrado no Brasil. O pedido foi feito nesta segunda (27) à prima e fez a família mudar os planos. Até esta segunda, a ideia era cremá-lo na Indonésia e levar as cinzas para Curitiba (PR), onde o brasileiro nasceu. Dada a burocracia, o envio do corpo pode levar algumas semanas.

    O governo brasileiro protestou, na véspera da execução, mencionando o fato de Gularte ter esquizofrenia constatada por dois laudos médicos, e ter sido morto mesmo assim. A Procuradoria-Geral da Indonésia, que leva adiante as execuções, chegou a examinar o brasileiro, mas o resultado nunca foi divulgado. A argumentação da Indonésia era que o fato de ser doente não impedia a aplicação da pena capital.

    Editoria de Arte/Folhapress

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