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    Dois são baleados por policiais durante operação na cracolândia; PM é ferido

    FELIPE SOUZA
    GIBA BERGAMIM JR.
    FABRICIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    29/04/2015 15h10 - Atualizado às 18h30

    A operação da prefeitura para a retirada de barracas de usuários de drogas na região da cracolândia, no centro de São Paulo, acabou em tumulto no início da tarde desta quarta-feira (29). Houve tiros e corre-corre, e ao menos duas pessoas foram feridas.

    Por volta das 17h30, a situação voltou a ficar tensa na região. Usuários fizeram uma barricada de fogo e atirou pedras contra policiais militares, que responderam com bombas de gás. A avenida Rio Branco foi fechada e ao menos um motorista chegou a ser roubado, fugindo logo em seguida pela contramão.

    Durante a confusão, um grupo de pessoas tentou incendiar um ônibus. Ele chegou a ser esvaziado, mas a polícia impediu o ataque.

    Já próximo ao terminal Princesa Isabel um outro coletivo foi depredado. "Chegaram jogando pedra. Pegaram minha bolsa e a do cobrador. Levaram o dinheiro e fugiram", disse a motorista de ônibus Netanias Lopes, 58.

    Mais cedo, por volta das 14h, policiais militares à paisana que circulavam na região foram "descobertos" por um grupo de viciados, que se aproximou e tentou agredir os militares. Cercado, um dos policiais sacou a arma e fez alguns disparos. Um dos tiros acertou o chão, ricocheteou e atingiu a perna de um usuário.

    Editoria de arte/Folhapress

    A usuária Daniela Batista de Oliveira, 25, disse que estava próxima quando ocorreu a confusão. "Eles [viciados] tumultuaram pra cima dos policiais, aí os policiais deram um tiro para cima, depois deram um tiro no pescoço do Gordão e outro acertou a perna do outro homem. Agora acho que eles [usuários] vão tumultuar por causa desses tiros", disse.

    Durante a confusão, presenciada pela Folha, outro viciado foi baleado por um tiro de raspão no pescoço. O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, tinha deixado a região há poucos minutos. Ele afirmou que o governo estadual não sabia que a operação aconteceria nesta quarta.

    Em nota, a PM afirmou que dois policiais que faziam o apoio à operação foram agredidos por vários moradores de rua, sendo um dos PMs atingido por uma barra de ferro na cabeça. Ainda de acordo com a corporação, um dos policiais fez um único disparo, em direção ao chão, para conter os agressores, sendo que os estilhaços atingiram as vítimas.

    A polícia afirmou que os ferimentos dos dois moradores de rua foram superficiais e apenas um deles precisou de atendimento médico. Um dos policiais também foi encaminhado ao hospital e permanece internado. Um dos PMs envolvidos na ocorrência estava prestando depoimento à Polícia Civil no final da tarde.

    A operação da prefeitura teve início ainda pela manhã, com o desmonte do conjunto de barracas montadas por usuários, que ficou conhecido como "favelinha". Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), a iniciativa visa combater o tráfico de drogas, que seria responsável por cerca de 30% das barracas do local.

    Sem os abrigos, os usuários de drogas que costumam ficar concentrados entre a rua Helvetia e a alameda Cleveland, passaram a ficar espalhados, em grandes aglomerações, por várias vias da região, principalmente, na alameda Dino Bueno.

    Segundo o prefeito, a ideia da operação é convencer esses usuários a participarem do programa "De Braços Abertos", que oferece tratamento, hotel e trabalho aos usuários. Muitos viciados resistem a participar do programa por discordarem de regras impostas pela prefeitura, como horários a serem cumpridos.

    Durante a visita de Haddad ao local, alguns dependentes que participam do programa protestaram por causas de mudanças no projeto. Eles são contrários a remoção para outros hotéis.

    PRAÇA

    Com a remoção da "favelinha" na região da cracolândia, funcionários da prefeitura fizeram a remoção dos tapumes que cercavam uma praça, construída a poucos metros da praça Julio Prestes. Ela teve a abertura adiada por conta da concentração de usuários de drogas.

    Em entrevista à Folha, realizada nem março, a secretária municipal de Assistência Social, Luciana Temer, disse que a administração estava "segurando" a entrega do equipamento, que tem bancos de concreto e espaço para plantas, por causa do avanço do fluxo.

    A secretária disse na ocasião, que a construção da praça é uma medida para tentar uma retomada pacífica e ordenada do local. "A ideia é fazer uma ocupação boa, para socializar, dar dignidade, com colocação de bancos para as pessoas se sentarem e de sombras", disse.

    Editoria de Arte/Folhapress

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