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    Após confronto na cracolândia, viciados se espalham pelo centro

    CRISTINA CAMARGO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/04/2015 02h50

    Após um dia de confrontos e de barracos desmontados na praça Júlio Prestes, dependentes químicos e moradores de rua se espalharam por ruas localizadas na região da cracolândia, centro de São Paulo, na madrugada desta quinta-feira (30).

    Eles circulam em ruas próximas à área conhecida como fluxo ou favelinha. Muitos carregam carroças e carrinhos de supermercados. São vigiados de perto por policiais militares e guardas civis metropolitanos, que permanecem no local. Várias viaturas estão estacionadas na região. Equipes de limpeza e de coleta de entulhos também trabalham na madrugada.

    "Eles só mudaram de rua. Estavam mais para baixo, na praça, e agora estão na alameda Dino Bueno e entorno", disse um guarda noturno acostumado com o vai e vem diário dos usuários de crack e outras drogas. "Acho que tiraram eles de praça porque vai ter algum evento festivo."

    Uma operação desarticulada da prefeitura e governo do Estado na cracolândia transformou o centro em praça de guerra na quarta-feira (29). Tiros, ameaças, ônibus apedrejados, bombas de gás, barricadas de fogo e furtos a motoristas obrigaram comerciantes a fechar as portas e pedestres a fugir do local.

    Bruno Poletti/Folhapress
    Usuários de drogas andam pela alameda Barão de Piracicaba, na região da cracolândia, após dia de confronto
    Usuários de drogas andam pela al. Barão de Piracicaba, na região da cracolândia, após dia de confronto

    Segundo a prefeitura, a ação de desmontagem dos barracos da favelinha foi pactuada com os usuários. De acordo com a administração municipal, os barracos eram usados para moradia e também por traficantes que tentavam escapar do monitoramento por imagem na região.

    No entanto, a líder comunitária Rita Rose, 48, afirmou durante a madrugada que houve uma "traição" aos frequentadores da cracolândia.

    "Combinamos que as carroças ficariam a 200 metros do fluxo. Mas começaram a colocar as carroças do caminhão para levar embora. Não cumpriram o combinado com a gente. A prefeitura prometeu que não ia ter confronto", disse.

    O conflito começou por volta das 14h, quando policiais militares à paisana teriam sofrido uma tentativa de agressão. Um deles atirou, a bala ricocheteou no chão e estilhaços atingiram duas pessoas.

    Para a líder comunitária da região, confrontos como o de quarta-feira estragam o trabalho feito até agora para encaminhar dependentes químicos para tratamento, moradia em hotéis e pensões e também para o trabalho.

    Ela criticou a briga entre órgãos municipais e estaduais e pediu que todos "vistam a camisa" e ajudem a situação a melhorar.

    Da janela de uma das pensões, um usuário ouviu parte da conversa e resolveu agradecer à líder comunitária.

    "Rita, obrigada por existir", disse.

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