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    Haddad diz que ação na cracolândia foi sucesso e havia acordo com viciados

    SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
    DE SÃO PAULO

    30/04/2015 14h18 - Atualizado às 17h21

    Apesar do tumulto durante a operação na cracolândia, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quinta-feira (30) que a ação foi um sucesso e atingiu os objetivos esperados pela prefeitura.

    "Não podemos negar que houve um incidente policial que acabou provocando certo tumulto, mas a operação em si foi um sucesso e estava de acordo com o planejado", disse.

    Haddad revelou que havia negociado com os usuários de crack, há pelo menos três semanas, a remoção das barracas da região. Por isso, ele não havia solicitado apoio da Polícia Militar para a operação.

    "Alexandre [secretário da Segurança Pública de São Paulo] foi avisado por mim da operação. Falei com ele que não precisaria de apoio da PM porque havia firmado um compromisso. Mas, quando o acordo foi rompido, eu liguei de Heliópolis para ele e disse que poderia haver um incidente", disse o prefeito.

    Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) reitera que não foi previamente avisada sobre a antecipação da operação conjunta que seria realizada nesta quinta-feira (30) para remoção de barracas e lonas da região da Nova Luz.

    Por volta das 14h desta quarta-feira (29), PMs à paisana se infiltraram entre os dependentes de crack e foram descobertos por um grupo, que se aproximou e tentou agredi-los. Cercado, um dos policiais sacou a arma e fez disparos.

    Um dos tiros acertou o chão, ricocheteou e atingiu a perna de um usuário. Outro dependente foi atingido de raspão no pescoço pelos estilhaços –mas nenhum corria risco de morte, segundo a Secretaria da Segurança. De acordo com o governo do Estado, um PM foi agredido com uma barra de ferro.

    "Ele [Alexandre] foi surpreendido como eu por parte da comunidade que impôs resistência. Depois que fomos lá, eles voltaram atrás e reafirmaram o compromisso do acordo", disse Haddad.

    A prefeitura informou que ao menos 126 dependentes químicos foram cadastrados no programa "De Braços Abertos" nesta quarta (29) e que os serviços públicos foram retomados na região.

    "Nossa pretensão agora e congelar a área e impedir que o tráfico volte e, para isso, a gente obviamente conta com a ação da PM porque o combate ao tráfico é uma atribuição da polícia. Estamos dando suporte com a GCM (Guarda Civil Metropolitana), mas o papel dela e dar suporte às equipes de assistência e saúde", concluiu o prefeito.

    RETORNO

    Dez horas após um caminhão pipa da prefeitura lavar e retirar caminhões cheios de lixo da região da cracolândia, a alameda Dino Bueno já foi reocupada por cerca de 200 usuários de drogas no início da manhã desta quinta.

    Fumando crack, gritando e andando sem rumo, eles retomam a rotina conhecida na região antes das confusões com a prefeitura e Estado nesta quarta (29).

    A Folha presenciou dezenas de usuários usando e comprando drogas na alameda Dino Bueno minutos antes do tumulto que provocou corre-corre e deixou duas pessoas feridas.

    O comandante-geral da GCM (Guarda Civil Metropolitana), Gilson Menezes, disse que os usuários podem o ocupar a via, mas não permitirá que sejam construídas novas barracas na região. "Não existem mais barracas de grande porte aqui que eram utilizadas para o tráfico de drogas mais velado. Agora, acabamos com isso e começamos a reorganizar o espaço", disse.

    Editoria de arte/Folhapress

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