Petistas defenderam, nesta sexta (1º), a operação da Prefeitura de São Paulo realizada na quarta-feira (29) na cracolândia, no centro da cidade, com objetivo de retirar os barracos montados nas calçadas. Conforme a Folha noticiou, auxiliares do prefeito Fernando Haddad (PT) conversaram com traficantes da área antes da operação a fim de evitar confrontos.

A medida foi duramente criticada por vereadores da oposição, como Andrea Matarazzo (PSDB), que disse que Haddad "dialoga com o submundo" em vez de utilizar os instrumentos legais.

"Quem tem a prática de negociar com o crime organizado não é o governo Haddad. Aliás, o Estado de São Paulo vive permanentemente numa situação de insegurança em função do crime organizado, do PCC", rebateu o vereador Paulo Fiorilo (PT), presidente do diretório municipal petista.

"O governador só consegue enfrentar os mais frágeis: os usuários de crack, os professores. A polícia parece que tem uma dificuldade quando se trata do grande traficante, do crime organizado. Acho que, antes de fazer a crítica ao governo Haddad, era bom olhar qual a prática desse governo PSDB do Geraldo Alckmin", disse Fiorilo.

Pela manhã, em evento da CUT, o secretário de Direitos Humanos e Cidadania da gestão Haddad, Eduardo Suplicy, também defendeu o prefeito. Ele afirmou que a equipe da prefeitura conversou com todos que exercem liderança na cracolândia.

Já o secretário municipal Alexandre Padilha (Relações Governamentais) disse que Haddad cuida do usuário e não negocia com traficantes.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou que o secretário Alexandre de Moraes "lamenta" as declarações do vereador Fiorilo, "cujo desconhecimento e ignorância da situação não merecem qualquer credibilidade". "O vereador deveria conversar com o prefeito da capital para saber a realidade da situação, antes de se manifestar de maneira infantil e incompetente", disse a nota.

MAIS OPOSIÇÃO

Além do tucano Matarazzo, o vereador de oposição Gilberto Natalini (PV) também criticou a operação da prefeitura na cracolândia. "Acho que pedir licença ao tráfico é inconcebível. O prefeito está reconhecendo a autoridade do traficante", disse Natalini.

O vereador, porém, não poupou críticas à atuação do governo estadual no dia a dia da cracolândia. "Como é que a droga entra ali, naqueles três quarteirões? Entra porque o governo pede licença ao traficante, como o Haddad pediu. O governo estadual e o municipal, os dois governos, eles agem enxugando gelo."

A OPERAÇÃO

Assessores de Haddad conversaram com traficantes identificados como líderes na cracolândia, no centro de São Paulo, antes de realizar uma operação para remover barracas de usuários de drogas na última quarta-feira (29).

O intuito era evitar violência. Mas, na desocupação, outros traficantes assumiram o papel de interlocutores.

Temendo descontrole, a prefeitura acionou a PM. Ocorria na região operação policial simultânea do governo estadual, não articulada com o município. Houve confronto, correria e feridos.