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    Crise da água

    Sabesp negligenciou desperdício de água, afirma especialista japonês

    FABIANO MAISONNAVE
    DE SÃO PAULO

    03/05/2015 02h00

    Por anos, a Sabesp deixou em segundo plano o combate ao desperdício de água na Grande São Paulo, o que poderia evitar a necessidade de buscar novas fontes na atual crise de abastecimento.

    A avaliação, do especialista japonês Masahiro Shimomura, 61, é baseada nos seus três anos de trabalho como assessor do programa de redução de perdas de água da Sabesp em São Paulo.

    De 2007 a 2009, participou do Projeto Eficaz, fruto de um acordo de cooperação entre a empresa e a Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão, na sigla em inglês).

    "O desafio era a sensibilização sobre o tema. A direção da Sabesp não pensava seriamente sobre perda de água", disse, em entrevista à Folha em São Paulo, onde foi um dos palestrantes de um seminário sobre gestão de água promovido pelo Ministério do Meio Ambiente.

    No período em que assessorou a Sabesp, ele testemunhou alguns registros de vazamento esperarem até dois anos pelo conserto. Em média, afirma, o prazo era de uma semana. Em Tóquio, referência mundial em gestão de água, o reparo costuma ser feito no mesmo dia.

    Para ele, a Sabesp se concentrava apenas nas reclamações de falta de água dos consumidores, sem relacioná-la ao problema do desperdício.

    Na região metropolitana de São Paulo, a perda de água tratada é de cerca de 17,4%, segundo a Sabesp. Caso se levem em conta furtos, a perda fica em torno de 30%. Em Tóquio, esse índice é de 2%.

    "Se em São Paulo essa taxa estivesse em 5%, 10%, não haveria necessidade de desenvolver novas fontes de água, de fazer um sistema maior. E a redução de água não é cara", argumenta Shimomura.

    Em nota, a Sabesp afirma que sempre considerou a redução um problema prioritário. A empresa afirma que criou um programa específico, com investimentos de R$ 6 bilhões entre 2009 e 2020. Desse total, a Jica concedeu empréstimo de R$ 847 milhões, em valores atualizados.

    Ainda segundo a Sabesp, se as perdas na região metropolitana estivessem em até 10%, a economia seria de 5 mil litros por segundo, "o que seria insuficiente para compensar a redução de disponibilidade de água na região, devido à escassez hídrica, que levou à redução da produção de 69,1 mil litros por segundo (média de 2013) para 51,3 mil litros por segundo (média de 2015)".

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