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    Catedral de Campinas vende área não construída para bancar restauração

    VENCESLAU BORLINA FILHO
    DE CAMPINAS

    04/05/2015 02h00

    O restauro da Catedral Metropolitana de Campinas, uma das maiores construções do mundo em taipa de pilão, vai ganhar fôlego com uma medida ainda pouco conhecida, a venda do chamado potencial construtivo.

    O documento, que foi concedido em abril pela prefeitura, diz que, se a catedral não fosse tombada como patrimônio histórico municipal, poderia ceder espaço a outro imóvel na área de 2.160 m² que ocupa no solo.

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    As construtoras são as principais interessadas no negócio porque, com o certificado, poderão construir prédios mais altos em regiões da cidade onde o zoneamento é restritivo. A expectativa da Igreja é obter R$ 4,3 milhões com a venda do título.

    O trâmite já é adotado em cidades como São Paulo e Curitiba, principalmente para manter a preservação de prédios históricos tombados.

    Em Campinas, onde há 420 imóveis tombados, a catedral foi a primeira a receber o certificado público.

    Jorge Araujo/Folhapress
    Catedral de Campinas, no interior de SP, vende área não construída para bancar restauração
    Catedral de Campinas, no interior de SP, vende área não construída para bancar restauração

    O processo de preservação da catedral se arrasta há dez anos. O templo, erguido entre 1807 e 1883 por escravos, mistura três estilos (barroco, rococó e neoclássico) e conta com peças inteiras esculpidas em cedro rosa.

    O cônego Álvaro Augusto Ambiel, um dos responsáveis pela catedral, diz que o valor será investido na recuperação das fachadas. Essa segunda fase das obras foi orçada em R$ 7 milhões, dos quais cerca de R$ 3 milhões foram obtidos por meio da Lei Rouanet.

    A terceira fase da reforma, ainda sem projeto, inclui a restauração do interior da igreja, onde o altar-mor e os adornos em madeira sofrem com o efeito do tempo e dos cupins. Na primeira fase, o telhado e o forro foram restaurados por R$ 3 milhões.

    "A restauração da igreja é grande. É uma obra cara, mas, se tivéssemos o dinheiro necessário, teríamos concluído as intervenções em cinco anos", disse o padre.

    Segundo ele, com as dificuldades para obter recursos para a obra, o prazo para conclusão da restauração foi triplicado, para 2020.

    A lei municipal que permite a emissão do certificado de potencial construtivo foi aprovada em 2008, mas regulamentada apenas em dezembro passado. O secretário da Cultura, Ney Carrasco, afirmou que itens da lei tiveram de ser corrigidos.

    "Esse é um mecanismo de mercado que facilita muito as coisas. O dono do imóvel tombado não vai ter que entrar em um edital público, concorrer com outros projetos. Ele próprio poderá negociar seu certificado", disse.

    ALTAR-MOR

    Uma das peças que mais chamam a atenção na catedral é o altar-mor, talhado em madeira, que demorou dez anos para ficar pronto e é formado por 12 colunas, que representam as 12 tribos de Israel (no Velho Testamento) e os 12 apóstolos de Jesus Cristo (no Novo Testamento).

    No meio das colunas, os sete "gomos" representam os sete sacramentos da Igreja: batismo, crisma, confissão, eucaristia, unção dos enfermos, ordem e matrimônio.

    A cripta, construída só em 1923, abriga o corpo de seis dos sete bispos que morreram durante o período que coordenavam a arquidiocese.

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