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    Rio de Janeiro

    Polícia do Rio investiga se PMs facilitaram invasão em morro

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    DO RIO

    12/05/2015 02h00

    A disputa entre traficantes, desde sexta (8), em morros da região central do Rio, assustou 30 mil moradores e deixou em alerta a Secretaria de Segurança para os riscos ao projeto UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

    Além do uso de mais de 30 fuzis, a polícia suspeita que os traficantes tiveram sua ação facilitada por PMs.

    Desde 2008, quando o projeto começou a ser implantado, a tentativa de invasão do morro da Coroa foi a ação mais violenta entre duas facções na disputa por território. Tudo o que a UPP se propõe a acabar.
    Até agora, o conflito deixou seis pessoas mortas e outras cinco feridas —uma grávida e adolescentes que jogavam futebol na rua.

    A Secretaria de Segurança não se pronunciou. A coordenação das UPPs informou, por meio de sua assessoria, que não teria ninguém para falar sobre o assunto. Limitou-se a dizer que reforçou o policiamento na comunidade por tempo indeterminado.

    A Polícia Civil calcula que cerca de 30 fuzis foram usados na ação do Comando Vermelho contra a ADA (Amigos dos Amigos).

    De acordo com depoimentos dados a policiais da Divisão de Homicídios, alguns dos invasores usavam toucas ninja, o que pode indicar que sejam criminosos da região ou até policiais.

    Como o bando invadiu a comunidade caminhando do morro do São Carlos até a Coroa, policiais suspeitam que criminosos da ADA tenham traído a facção e se juntado ao Comando Vermelho. E observados por policiais da UPP, que estavam na favela.

    O reforço prometido pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, na semana passada não havia chegado à região. Apenas 15 PMs estavam de plantão.

    Às 21h35 de sexta (8) o serviço 190 da Polícia Militar se comunicou com o chefe do Estado Maior da PM, coronel Cláudio Lima Freire. O policial informou que cem homens deixavam o São Carlos em direção à Coroa.

    O coronel disse, às 21h49, que pediria reforço. Quando policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) chegaram, o tiroteio era intenso. Traficantes de favelas próximas atiravam para o alto, assustando quem passava.

    A região que abrange nove favelas em três bairros fica perto do sambódromo e da prefeitura e a menos de um quilômetro da Secretaria de Segurança.

    Desde 2011, quando as UPPs começaram a ser instaladas lá, Beltrame reclama que a comunidade não aceita o projeto. Mas também critica a corrupção policial. Fez isso em pelo menos três oportunidades, à Folha.

    "A segurança do Estado está falida. Não existe mais pacificação no morro e nem no asfalto. Perdi um filho no Dia das Mães. Ia almoçar comigo. Vocês não sabem o que é esperar ele chegar e saber que não vai aparecer mais", disse Nilce Rodrigues, mãe de Diego Luniere, 22, morto no domingo (10) e sepultado nesta segunda (11).

    Colaborou FELIPE DE OLIVEIRA

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