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    Rio de Janeiro

    'Polícia não pode ser babá de moradores de rua', diz secretário do RJ

    FELIPE DE OLIVEIRA
    DO RIO

    12/05/2015 18h16

    O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou nesta terça-feira (12) que a polícia não é a culpada pelos assaltos a faca que vêm ocorrendo no centro da cidade.

    Ele afirmou que outras instituições também devem ser responsabilizadas, sob pena de transformar a polícia em "babá de menores e moradores de rua". A afirmação foi feita após questionamentos sobre a série de assaltos com faca no centro e na zona sul.

    "É uma questão social e legal. Se a lei diz que usar faca não é crime, então as pessoas têm que entender que é assim a lei. E que então não culpem única e exclusivamente a polícia. Existem outras instituições que tem que atuar. Por que essas pessoas estão ali? Isso tem que ser perguntado e saber quem é o responsável. Se não, a polícia vai virar babá de menores e de moradores de rua", disse Beltrame, após cerimônia de premiação de policiais.

    O secretário se queixou, mais uma vez, da legislação penal. Na avaliação de Beltrame, as regras dificultam a prisão de suspeitos, o que torna por vezes o trabalho da polícia inócuo.

    "[Policiais] Fazem verdadeiro tour com essas pessoas [após a detenção], saindo dos seus pontos de policiamento, pra levar na instituição A e B, desabrigando algumas áreas que já não tem policiamento.
    A polícia não pode ficar 24 horas por dia olhando uma pessoa pra ver o que ela pode fazer com uma faca. Agora se isso é assim, não é um problema da polícia, e do legislador e do parlamentar que entendeu que é dessa forma", afirmou o secretário.

    MORRO DA COROA

    Beltrame afirmou que a Corregedoria da PM acompanha as investigações sobre o confronto entre quadrilha rivais no Morro da Coroa, centro do Rio. A Folha revelou nesta terça (12) que a polícia investiga a participação de PMs na invasão.

    "Por enquanto não temos essa confirmação. Estamos muito atentos, não só na Coroa, mas como em todas áreas com UPP. A Corregedoria acompanha e fiscaliza. Mas por enquanto não há nenhuma informação que confirme esse tipo de dado", disse o secretário.

    Beltrame disse que a Polícia Militar não ocupou o morro da Coroa na noite de sexta (8), quando houve intenso tiroteio entre quadrilha rivais, por temer um confronto com os criminosos que estavam na região.

    A área foi alvo de uma guerra de traficantes que deixou seis pessoas mortas e cinco feridas no último fim de semana. Segundo informações da PM, cerca de cem traficantes realizaram uma tentativa de invasão na comunidade, usando pelo menos 30 fuzis.

    "A polícia realizou apenas um cerco na região. Não entramos para não trocar tiros à noite porque não se sabíamos efetivamente onde os criminosos estavam. Não adianta entrar de madrugada atirando em algo que você nem tem visibilidade necessária. Temos que trabalhar com uma redução de riscos. Então a polícia cercou a área e no outro dia de manhã fez a varredura" afirmou o secretário.

    Ainda segundo o secretário, outras tentativas de invasão já foram frustradas pela PM. Porém, desta vez, não havia informações de que os criminosos planejavam a investida na região. "Nós temos antecipado muitas ações como fizemos na Mangueira, no Lins, na Covanca, mas essa infelizmente não conseguimos antecipar."

    O secretário também revelou que o criminoso responsável por orquestrar a tentativa de invasão foi solto após um indulto. "A ação foi liderada pelo criminoso conhecido como Fú da Mineira. Ele tinha cerca de 90 anos [de pena] para cumprir, mas saiu e não retornou. Até eu se tivesse essa idade e a pena para cumprir não retornaria."

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