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    PM da Bahia matou 12 jovens já rendidos, afirma Promotoria

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    12/05/2015 18h28

    Os 12 supostos assaltantes de banco, entre eles três adolescentes e jovens, foram mortos pela polícia quando já estavam rendidos e sem condições de reagir. Quase três meses após o caso que ficou conhecido como a 'chacina de Cabula', o Ministério Público da Bahia vai denunciar à Justiça os policiais envolvidos no caso.

    Responsável pela investigação, o promotor David Gallo adiantou à Folha que a ação criminal vai "descartar totalmente" a tese sustentada pelos policiais de que houve um auto de resistência —quando o suspeito é morto ao reagir à ação da polícia. Segundo Gallo, a ação será assinada pelos seis promotores responsáveis pelo caso.

    Os rapazes foram mortos pela polícia em fevereiro, no bairro do Cabula, em Salvador. Segundo a polícia, eles eram suspeitos de planejar um ataque a um caixa eletrônico e, ao serem surpreendidos, reagiram e acabaram mortos. Outros seis suspeitos foram feridos.

    O caso ganhou repercussão dentro e fora do país, já que todos os mortos eram negros e só dois tinham passagem pela polícia.

    A polícia afirma que os envolvidos tinham relação com uma facção criminosa conhecida como CP (Comando da Paz), considerada uma das mais perigosas e atuantes na periferia de Salvador.

    "Os laudos cadavéricos, a trajetória dos tiros e exame do local do crime apontam que houve prática de homicídio. Foi uma ação ilegítima dos policiais", defende o promotor David Gallo.

    A apuração do Ministério Público foi concluída na última sexta-feira (8) e foi baseada em depoimentos de testemunhas e laudos periciais.

    Ainda não há definição dos promotores sobre quantos policiais serão indiciados nem qual será a tipificação do homicídio. Ao todo, nove policiais participaram da ação.

    Em nota, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que as investigações ainda estão em curso e que vai se pronunciar quando a ação.

    "Continuo com a postura de presunção da inocência das pessoas que estiverem atuando em defesa da sociedade. Defendo uma polícia cidadã, que aja com a energia e a força necessárias, mas dentro da lei. Não vou tolerar ação ilegal", afirmou o governador.

    Na época das mortes, Costa (PT) defendeu os policiais e afirmou que "não tem nenhum indício" de atuação fora da lei.

    "A polícia [...] tem que ter a frieza necessária para tomar a atitude certa. E para definir a escolha, muitas vezes, não nos resta muito tempo, são alguns segundos. É igual ao artilheiro quando está de frente para o gol", justificou.

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