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    Rio de Janeiro

    Traficante Fernandinho Beira-Mar vai a júri popular nesta quarta

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    DO RIO

    13/05/2015 08h19

    Sob forte escolta policial, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, chegou nesta quarta-feira (13) ao Tribunal de Justiça do Rio, onde será julgado à tarde pela morte de quatro detentos do presídio de Bangu 1, em 2002.

    O esquema de segurança em torno de Beira-Mar envolve 200 homens, entre policiais militares e federais, além de agentes penitenciários federais.

    Caberá a um júri popular definir se ele teve participação na morte de quatro rivais de sua facção dentro da penitenciária situada na zona oeste do Rio.

    Beira-Mar já acumula aproximadamente 200 anos de prisão em sentenças associadas a outros crimes.

    Em uma delas, também definida por júri popular em 2013, ele foi condenado a 80 anos sob acusação de planejar e ordenar a morte de dois homens na favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, município da região metropolitana do Rio, no mesmo ano de 2002. Nesta época, o traficante já estava preso.

    O codinome Beira-Mar tem origem nesta favela da Baixada Fluminense, onde ele despontou como chefe do tráfico no início da década de 1990. Nos anos seguintes, passou a ser reconhecido como um dos principais articuladores da facção Comando Vermelho.

    Ganhou notoriedade por organizar sua própria rede de distribuição de armas e drogas a partir de conexões com traficantes da América Latina. Está preso desde abril de 2001, quando foi capturado na selva colombiana por tropas do exército local.

    Beira-Mar cumpre pena na penitenciária federal de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia. Desta vez, veio ao Rio para ser julgado no episódio que serviu de inspiração para a cena de abertura do filme Tropa de Elite 2.

    O traficante e outros 22 detentos da facção Comando Vermelho destruíram parte do presídio e iniciaram uma caça aos rivais da facção ADA (Amigos dos Amigos). Às 8h30 do dia 11 de setembro de 2002, eles assumiram o controle da penitenciária, fizeram quatro reféns e invadiram a ala D, onde estavam os presos da ADA.

    Considerado de segurança máxima e com capacidade para 48 detentos, Bangu 1 concentrava os criminosos mais perigosos do Rio até então. Na ala D estava o principal alvo do Comando Vermelho: Ernaldo Pinto de Medeiros, conhecido como Uê, fundador da ADA e um dos principais traficantes do Rio na ocasião.

    Uê foi torturado e morto antes de ter o corpo queimado. Tiveram o mesmo destino naquele dia Carlos Alberto da Costa (Robertinho do Adeus), Wanderlei Soares (Orelha) e Elpídio Rodrigues Sabino (Pidi).

    A rebelião durou cerca de 23 horas e terminou com Beira-Mar sendo transferido para um quartel da PM. Posteriormente, ele iniciou por Catanduvas (PR) sua estadia em presídios federais de segurança máxima.

    Todos aqueles que tiveram participação na rebelião de Bangu 1 respondem ao processo, mas o caso foi desmembrado. Apenas Beira-Mar será julgado nesta quarta.

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