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    'Canetada' volta a poluir praias de São Luís

    JULIANA COISSI
    DE SÃO PAULO

    17/05/2015 02h00

    O morador de São Luís que vai à praia já não sabe mais se pode ou não entrar no mar.

    Considerada poluída por décadas, a orla da capital maranhense foi promovida a limpa após uma "canetada" da então governadora Roseana Sarney (PMDB). Agora, a regra mudou de novo, e as praias voltaram a ser consideradas impróprias.

    A atual gestão, de Flávio Dino (PC do B), retomou a avaliação nos antigos 21 pontos ao longo da ilha e classificou todas as praias de São Luís como inadequadas para banho. O novo boletim foi divulgado nesta semana.

    A péssima balneabilidade da capital maranhense arrasta-se há 20 anos, o que gerou ao governo multa milionária definida pela Justiça, já na casa dos R$ 22 milhões.

    Divulgação
    Placa indica que a Praia do Calhau está imprópria para banho
    Placa indica que a Praia do Calhau está imprópria para banho

    As obras para despoluir rios que deságuam nas praias, porém, seguem estagnadas, mesmo com verba federal disponível.

    O governo estadual e a Caema, companhia de saneamento maranhense, devem cada uma R$ 10,9 milhões desde 2008 por ainda não terem executado as obras de despoluição dos rios.

    A capital trata apenas 4% de seu esgoto, uma das taxas mais baixas do país.

    Em 2012, reportagem da Folha já havia apontado que a sujeira nas praias contribuiu para a queda no número de turistas. No mesmo ano, Roseana resolveu mudar a metodologia de coleta e análise da água. Além de coletar amostras da água em 12 pontos, todos diferentes dos anos anteriores, elas eram retiradas a mil metros da foz dos rios que desembocavam na praia -a atual gestão voltou a captar logo na foz.

    DINHEIRO EM CAIXA

    Pelos cálculos da Justiça, o governo estadual deve praticamente o mesmo que os R$ 10 milhões liberados pelo Ministério do Turismo desde 2012 para o saneamento de dois dos cursos de água, os rios Claro e Pimenta. O valor não foi utilizado.

    Outros R$ 15 milhões federais destinam-se a tratar o esgoto que desemboca nas praias mais frequentadas.

    "A desculpa [do governo] é a de sempre: vamos fazer, vamos despoluir, temos projeto. Mas, de concreto, até agora, nada", diz o promotor Fernando Barreto.

    Segundo o presidente da Caema, Davi Telles, uma licitação parada e problemas de uma empresa explicam a atual situação nas praias.

    A previsão do atual governo é concluir o tratamento de esgoto em três rios até o primeiro semestre de 2016, o que deve elevar para 70% o esgoto tratado em São Luís.

    Em nota, o ex-presidente da Caema João Moreira Lima diz que uma obra "sofreu alguns problemas de natureza técnica e de propriedade de áreas", que geraram atraso, e que a nova gestão rescindiu o contrato. Quanto aos demais rios, disse que a obra foi encaminhada para licitação, mas que o novo governo "decidiu retirar essa licitação de pauta".

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