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    Rio de Janeiro

    Tiroteios em favelas do Rio com UPPs deixam um morto e três feridos

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO
    CAIO LIMA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    17/05/2015 15h33

    A crise nas Unidades de Polícia Pacificadoras (as UPPs) instaladas em favelas cariocas voltou a ser constatada em números neste fim de semana: um morto no Complexo da Mangueira, na região central do Rio, um baleado no Complexo da Maré, na zona norte, e dois feridos na favela da Rocinha, na zona sul da cidade.

    O comerciante Alexandre Cavalcante de Oliveira, 35, estava na porta de sua casa por volta das 20h deste sábado (16), quando foi atingido na cabeça por um tiro. Ele morava no Morro do Telégrafo, uma das comunidades que pertencem ao conjunto de favelas da Mangueira, mesmo endereço de uma das bases da UPP instalada nesta região.

    A Folha apurou que ele saía para o trabalho quando foi alcançado pelos dois filhos, de 3 e 5 anos, na porta de casa. Queriam passear com ele.

    O comerciante convenceu os filhos a ficar. Disse que voltaria rápido. Iria apenas comprar um biscoito. Mas, ainda no quintal de casa, foi atingido.

    "Ele tinha acabado de falar com as crianças", disse Alexandra Cavalcante de Oliveira, 41 anos, irmã mais velha da vítima. "Ele tem quatro filhos. A mulher está grávida de oito meses e foi para o hospital com dilatação. Vai nascer no meio dessa tragédia".

    Alexandre é sócio de uma lan house localizada na parte baixa da Mangueira, localidade conhecida como Largo do Careca.

    "Soube que alguém tinha sido baleado em torno das 21h. Depois soube que era ele. Os moradores queriam levá-lo ao hospital, mas inicialmente a polícia não deixou. Os moradores fizeram uma algazarra e só aí a PM o levou de lá. Já passava das 23h quando meu irmão foi socorrido", contou Alexandra à Folha.

    Oliveira morava próximo aos contêineres usados como base da UPP. "Este deveria ser o lugar mais seguro da Mangueira", comentou Arídio Cavalcante de Oliveira, 38, outro irmão da vítima. Ele lamentou a falta de segurança em comunidades com UPPs.

    "Não podem calar isso, virar estatística. Não pode ser mais uma vítima de UPP dos últimos dias. A sociedade tem que dar uma resposta para gente", disse Arídio à Folha.

    De acordo com a versão da PM do Rio, a troca de tiros teve início após uma patrulha policial ser atacada por homens armados. Um dos disparos acertou Oliveira, que chegou a ser levado para o hospital Quinta D'Or, no bairro de São Cristóvão, mas não resistiu.

    As armas dos policiais envolvidos neste episódio foram apreendidas para o exame de confronto balístico que será anexado ao inquérito instaurado pela Delegacia de Homicídios da capital.

    CONFRONTOS NA MARÉ, ROCINHA E ALEMÃO

    No conjunto de favelas da Maré, o tiroteio ocorreu na manhã deste domingo (17). Militares da Força de Pacificação do Exército enfrentaram homens armados na comunidade do Areal. Ninguém foi preso, mas um morador acabou atingido por um tiro na perna.

    A Maré está na rota entre o aeroporto internacional e os principais acessos para zona sul, Barra da Tijuca (zona oeste) e centro do Rio. É uma região estratégica em tempos de Jogos Olímpicos que começou a ser ocupada pelo Exército em abril de 2014.

    No início de abril deste ano, as tropas da Força de Pacificação começaram a sair gradativamente do Complexo da Maré. O plano é ter até junho as 17 comunidades da região sob o controle de policiais da UPP.

    O terceiro tiroteio com vítimas ocorreu neste domingo na favela da Rocinha, situada na zona sul do Rio, na rota para a Barra da Tijuca, zona oeste. De acordo com informações da Polícia Civil, duas pessoas foram baleadas.

    Houve troca de tiros também no Complexo do Alemão, mas sem registros de feridos.

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