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    Crise da água

    SP força racionamento, e Cantareira começa seca com 'lucro' nas represas

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    22/05/2015 02h00

    O período seco deste ano está bem mais úmido em relação a 2014, o que tem colaborado para o lento ritmo de queda do nível dos reservatórios do Cantareira, o maior sistema da Grande São Paulo e também o de situação mais crítica.

    Mas essa quase estabilidade do manancial também tem um outro motivo: o racionamento imposto pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) em bairros mais altos e também distantes dos reservatórios.

    A diferença entre o início dos períodos de estiagem de 2014 e 2015 aparece em alguns números. Neste ano, do começo de abril até agora, o Cantareira conseguiu ganhar 6,1 bilhões de litros de água.

    Esse é o saldo entre a água que entra no sistema, pelos rios e pela chuva, e a água retirada pela Sabesp para abastecer a Grande São Paulo e outras cidades do interior paulista.

    No mesmo período do ano passado, porém, em vez de acumular água, o Cantareira perdeu 54,5 bilhões de litros, volume nove vez superior.

    Essa diferença ocorre primeiramente porque o volume de água que tem entrado no sistema é maior do que no ano passado, quando São Paulo viveu a pior seca da história.

    Neste ano, o Cantareira recebeu em média 15,5 mil litros de água em abril e 11 mil em maio. Em 2014, no mesmo período, foram registrados índices de 13,4 e 6,2 mil litros.

    Editoria de arte/Folhapress

    ÁGUA NAS ELEIÇÕES

    Outro fator ainda mais relevante é que no ano passado, às vésperas da eleição em que Alckmin acabou reeleito no primeiro turno, a Sabesp retirava 23 mil litros de água por segundo do sistema para distribuir à população.

    Atualmente, a estatal reduziu a captação para só 13 mil litros por segundo. Ela ainda pode chegar a 10 mil litros.

    Para toda essa redução, há duas principais explicações:

    1) o Cantareira atendia 9 milhões de pessoas e hoje abastece pouco mais de 5 milhões (a diferença foi socorrida por outros reservatórios, o que só foi possível após obras que levaram alguns meses);

    2) o governo reduziu a pressão nos encanamentos e, com menos força para ser empurrada pela rede, a água passou a não chegar com a mesma frequência em residência altas e distantes das represas, numa espécie de racionamento.

    Apesar de o Cantareira ter "reagido" melhor neste início de seca, o volume de água disponível agora é ainda menor do que no mesmo período de 2014 —194 bilhões de litros hoje, ante 258 bilhões.

    Nesta quinta-feira (21), o manancial operou com 15,3% de sua capacidade. A Sabesp espera chegar ao fim da seca, em outubro, acima dos 8%.

    arte

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