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    A cada dia, três pessoas são atacadas a facas no Rio

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    23/05/2015 02h00

    Ao menos três pessoas por dia foram feridas a facadas nos quatro primeiros meses deste ano. Apesar do número de casos destes primeiros quatro meses de 2015 –433 registros– ser menor que o mesmo período de 2014 —588 casos— a sequência de ataques do tipo na cidade assusta e tem levado à discussão sobre a criminalização do uso de facas.

    Nesta sexta mais uma vítima. A chilena Isidora Ribas Carmona, 32, levou uma facada no pescoço quando tomava sol na Praça Paris, um parque na região central da cidade, após questionar o assaltante que tentava levar o seu telefone celular.

    À rádio "CBN", Carmona falou sobre o ataque: "Comecei a gritar, ele falou para eu parar e que ia me matar", disse.

    Após o ataque, o homem deixou a praça caminhando sem pressa em direção ao bairro da Lapa, área da boêmia na capital. Segundo testemunhas, o agressor aparentava ser maior de idade.

    Reprodução
    Chilena Isidora Ribas, 32, foi esfaqueada durante uma tentativa de assalto no Rio
    Chilena Isidora Ribas, 32, foi esfaqueada durante uma tentativa de assalto no Rio

    Carmona estava lúcida quando foi levada ao Hospital Souza Aguiar. Liberada, prestou depoimento na delegacia onde disse que está há dois meses no Rio com um visto de estudante. Apesar do ataque afirma pretender ficar mais dois anos na cidade.

    Em pouco mais de um mês não faltam relatos de ataques com o uso de facas em pontos turísticos ou áreas de lazer do Rio. No domingo (17), uma turista vietnamita foi esfaqueada em frente ao Paço Imperial, na região Central do Rio.

    Na terça (19), o cardiologista Jaime Gold, 57, foi esfaqueado quando andava de bicicleta na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul da cidade. O médico não resistiu aos ferimentos e morreu após chegar ao Hospital Miguel Couto, na Gávea.

    Na quinta (21), policiais da Divisão de Homicídios apreenderam o menor H., 16, como um dos responsáveis por atacar o médico. Ele tem 15 passagens pela polícia, sendo 12 por roubo e furto. A maior parte delas usando facas. Todas na zona sul do Rio.

    "Todos os dias em comunidades do Rio há pessoas envolvidas em brigas com armas brancas. Ignorar que vivemos uma epidemia é não olhar para os fatos. Entendemos que o uso de facas deve ser criminalizado até para dar autoridade para que os policiais retirem as pessoas das ruas", afirmou Felipe Santa Cruz, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seccional Rio.

    Para a antropóloga Alba Zaluar o momento é de preocupação: pela violência nos ataques como também da falta de discussão sobre órgãos que deveriam cuidar da recuperação de jovens envolvidos nestes crimes.

    "O ataque de faca representa o uso de maior força física e de maior proximidade com a vítima, coisa que não acontece com uma arma. Revela que esses jovens estão perturbados e que precisam ser tratados", diz.

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