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    Funcionários fazem ato para que acionista do Itaú assuma Santa Casa

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    27/05/2015 12h23

    Cerca de 50 funcionários da Santa Casa de São Paulo fizeram um ato pelos corredores do hospital, na manhã desta quarta-feira (27), em apoio à candidatura única do pediatra José Luiz Setúbal, 58, da família fundadora do banco Itaú, para o posto de provedor da instituição, que passa pela pior crise de sua história. A votação acontece no dia 9 de junho para um mandato de dois anos.

    Organizados pelo movimento "Santa Casa Viva", o ato durou pouco mais de 20 minutos e contou com a presença do provedor em exercício Ruy Martins Altenfelder Silva.

    Ele afirmou que a "irmandade" –colegiado que toma as decisões principais do hospital– está "unida em um só caminho", em um indicativo de que Setúbal deve ser uma escolha de consenso, condição imposta pelo médico para assumir a responsabilidade de recuperar a instituição, que tem dívidas de cerca de R$ 800 milhões.

    Daniel Guimarães - 3.abr.2014/Folhapress
    Prédio principal do complexo da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que enfrenta uma crise
    Prédio principal do complexo da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que enfrenta uma crise

    Em entrevista à Folha, há duas semanas, Setúbal afirmou que, caso assuma a provedoria, irá adotar medidas que podem envolver diminuição da abrangência dos serviços do hospital, redução de funcionários e busca de prazo para pagar dívidas.

    "O doutor Setúbal sempre teve uma relação muito forte com a Santa Casa e um grande compromisso com ela. Com a deterioração política e econômica da instituição, ele tem mostrado que possui um plano bem elaborado para resgatar o hospital e vamos apoiá-lo", afirma a médica Daniela Bonfim, pediatra da instituição.

    De acordo com ela, no atual estágio em que se encontra, com atraso no pagamento de funcionários e de fornecedores, o hospital não vai conseguir resistir aberto por "mais seis meses", a não ser que ações "drásticas" de reestruturação sejam tomadas.

    CRISE

    Segundo uma auditoria contratada pelo governo do Estado de São Paulo no fim do ano passado, a dívida da Santa Casa de São Paulo supera os R$ 770 milhões. Só os débitos com fornecedores superam R$ 100 milhões.

    Em julho de 2014, a instituição chegou a fechar o atendimento de urgência e emergência por pouco mais de um dia. À época, o hospital alegou falta de recursos para comprar medicamentos e materiais como seringas e agulhas.

    No começo do ano, o hospital anunciou que demitiria 1.100 funcionários para aliviar as contas. Dias depois, porém, a decisão foi suspensa.

    Com a crise, o provedor da Santa Casa de São Paulo, Kalil Rocha Abdalla, que estava licenciado desde janeiro, renunciou ao cargo no mês passado.

    Na semana passada, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou que a entidade pague em até 30 dias os salários atrasados a 270 funcionários do hospital. O não cumprimento do prazo poderá render multa à instituição.

    Segundo a Santa Casa, não foram pagos os salários de novembro aos profissionais com salários superiores a R$ 6.000, o que equivale a 8% da folha de pagamentos do hospital –ou 699 funcionários. Só quem recebe até R$ 3.000 recebeu parte do 13º.

    Entre os médicos, todos estão sem receber o 13º salário e 437 não receberam o salário de novembro, de acordo com o Simesp (sindicato dos médicos).

    Editoria de arte/Folhapress

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