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    Cinco pessoas morrem por dia após consumo de cocaína em São Paulo

    ROGÉRIO PAGNAN
    REYNALDO TUROLLO JR.
    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    31/05/2015 02h00

    Ao menos 1.685 pessoas morreram no Estado de São Paulo em 2013 após terem consumido cocaína –média de cinco mortes por dia.

    A lista inclui casos de forte indicativo de overdose e situações em que a droga foi um "fator contribuinte".

    Nesta última categoria está, por exemplo, a pessoa que usou a cocaína e bateu a cabeça numa sarjeta. Morreu sob o efeito do entorpecente, mas não de overdose.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Os números constam de um trabalho acadêmico da biomédica Alessandra Lapenta Gomes, com base em dados do Núcleo de Toxicologia do IML de São Paulo.

    Segundo o perito criminal Julio Ponce, especialista em toxicologia e orientador do estudo, o resultado traz um número ainda subestimado.

    Um dos motivos é que os exames para detecção da droga são feitos, na maioria das vezes, quando já existem indícios que liguem a morte ao seu consumo. Por exemplo, quando a vítima tem resquícios de pó branco nas
    narinas ou quando há relatos de testemunhas.

    Para o psiquiatra e professor da Unifesp Ronaldo Laranjeira, a média de cinco mortes por dia após o consumo da substância é factível.

    "Especialmente se considerarmos o efeito da cocaína combinada com o álcool, que aumenta a chance de overdose", afirma o médico.

    'GATORADE'

    O estudo se concentrou em exames que detectaram mais de 0,7 micrograma de cocaína por mililitro de sangue, pouco abaixo do valor de referência para casos clássicos de overdose (0,9).

    Registros menores, porém, não excluem a possibilidade de a overdose ter ocorrido (já que isso depende das condições em que o teste foi feito).

    Foram 88 casos selecionados pela linha de corte, 11 deles com concentração superior a cinco microgramas –mais de cinco vezes a quantidade considerada letal.

    Quatro dessas superdosagens foram encontradas nos corpos de presos do sistema penitenciário de São Paulo.

    A pesquisa aponta para a possibilidade de essas vítimas terem sido obrigadas por outros detentos a ingerir uma mistura de várias drogas conhecida como "gatorade", que inclui a cocaína. Assim, seriam casos de
    homicídio.

    Há também um caso de superdosagem de uma "mula", pessoa aliciada pelo tráfico para transportar cápsulas da droga no estômago –o material teria estourado.

    A maioria das mortes, porém, foi de pessoas que usaram a cocaína para recreação.

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