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    Crise da água

    Teste em laboratório reprova a água retirada de bicas de São Paulo

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    31/05/2015 02h00

    Zé Carlos Barretta/Folhapress
    Helio Sales, morador de Perdizes (zona oeste), usa água de bica de nascente localizada atrás da casa dele
    Helio Sales, morador de Perdizes (zona oeste), usa água de bica localizada atrás da casa dele

    Segundo o mecânico Hélio Sales, 67, a água que vem da Sabesp falta todo dia, a partir das 16h, e só retorna de manhã. O que não para nunca é a água que jorra de uma bica de seu quintal e que abastece a sua caixa-d'água, no Sumaré (zona oeste de São Paulo).

    Ele, que usa essa água para beber, cozinhar e tomar banho, tenta garantir a qualidade de sua "fonte particular". "Tem muita gente que fala que essa água não é boa, mas eu não acredito. É fresca."

    Não é o que apontam testes de laboratório recentes sobre a qualidade de dez bicas e nascentes de São Paulo.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Todas foram consideradas impróprias para o consumo humano –ou seja, a água desses locais não deve ser bebida nem usada para cozinhar e tomar banho.

    Em sete das análises, incluindo a próxima da casa de Hélio, o número de coliformes totais (tipo de bactérias) ultrapassou 2.400 por miligrama. Para a água ser considerada adequada e não causar problemas como gastroenterites e de diarreias, o índice deveria ser zero.

    Na nascente do córrego Ferrão, no pico do Jaraguá, na zona norte, o número de bactérias Escherichia coli também está além do ideal. Por lá, a população também usa a água direto da fonte.

    Segundo Roberta Basso, supervisora de laboratório da Odebrecht Ambiental, empresa responsável pelas análises, apesar de as águas não serem consideradas potáveis, é possível que algumas pessoas não passem mal após consumi-las, já que desenvolveram anticorpos.

    Os testes são uma iniciativa do projeto NascenteSP, que mapeia as nascentes na cidade. O objetivo é informar a população sobre as formas possíveis de aproveitamento, como irrigação, limpeza etc.

    No entorno da praça Homero Silva, no Sumaré, um grupo de moradores se organizou para limpar a área da nascente do córrego Água Preta.

    Criaram até um lago, hoje cheio de peixes. A água é constantemente usada para irrigar hortas comunitárias.

    Segundo a diretora de arte Andrea Pesek, 50, com a crise da água aumentou o número de pessoas que recorrem à praça. "Desde moradores de rua que usam [indevidamente] a água para tomar banho a donos dos bares, para dar descargas", diz.

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