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    Italiano acusado de pertencer à máfia vai recorrer para continuar no Brasil

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    02/06/2015 02h00

    O italiano Pasquale Scotti, 56, acusado pelas autoridades italianas de pertencer à máfia napolitana Camorra, vai recorrer judicialmente para permanecer no Brasil porque teme ser assassinado se regressar ao país natal, segundo seu advogado, Marcelo Bettamio.

    "Ele tem muitos desafetos lá. Estavam tentando eliminá-lo, por isso ele teve que ir embora", disse Bettamio.

    O governo italiano tem prazo de três meses para requisitar ao STF (Supremo Tribunal Federal) a extradição de Scotti para a Itália, onde, segundo a Interpol italiana, ele foi condenado à prisão perpétua e deverá cumprir a pena.

    Scotti foi preso na semana passada pela Polícia Federal em uma operação conjunta com a Interpol da Itália. Ele vivia no Recife (PE) desde meados da década de 80 com o nome falso de Francisco de Castro Visconti. Segundo seu advogado, tanto sua mulher brasileira quanto seus dois filhos, de 10 e 15 anos de idade, não sabiam de seu vínculo com a máfia.

    Policia Federal/Efe
    Pasquale Scotti, em prédio da Polícia Federal no Recife, após ser preso nesta terça (26)
    Pasquale Scotti, em prédio da Polícia Federal no Recife, após ser preso nesta terça (26)

    De acordo com as autoridades italianas, Scotti era considerado um dos fugitivos mafiosos mais procurados do país e alguns ex-mafiosos o davam como morto.

    Segundo a PF, Scotti era procurado sob acusação de envolvimento em 26 assassinatos, cometidos durante uma guerra entre clãs mafiosos rivais entre os anos de 1980 e 1983 na região de Nápoles.

    De acordo com o advogado de Scotti, são esses rivais que poderiam matar Scotti com seu regresso à Itália. Segundo o advogado, poucos meses antes de o italiano fugir do hospital em que estava custodiado, em 1984, sua casa foi alvo de um atentado.

    O advogado, porém, disse que Scotti nega ter cometido os homicídios que a Justiça italiana lhe atribui.

    Na última sexta-feira (29), Scotti foi transferido para a Penitenciária da Papuda, em Brasília, por ordem do ministro do STF Luix Fux, relator do processo no tribunal. Bettamio disse que as condições no presídio são boas, com a permissão ao banho de sol.

    O advogado entrou na última quinta-feira (28) no STF com um pedido de relaxamento da prisão de Scotti. Segundo o defensor, os documentos da Itália que constam do processo estão em desacordo com a legislação que regula a extradição, pois não há, por exemplo, cópia dos processos judiciais sobre os homicídios e das ordens de prisão contra Scotti.

    Bettamio também afirmou ao STF que inexistem "elementos de prova" da associação de Scotti com a máfia que pudessem "justificar a suposta periculosidade" do italiano.

    Editoria de Arte/Folhapress

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