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    Helicóptero que caiu com filho de Alckmin tinha peças desconectadas

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    02/06/2015 18h49

    O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Aeronáutica, informou nesta terça-feira (2) que o helicóptero que caiu com Thomaz Alckmin, filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB), estava com dois componentes –fundamentais para que o piloto comandasse a aeronave– desconectados.

    Segundo o centro de investigações, o problema já acontecia no momento da decolagem e aponta para uma possível falha na manutenção da aeronave que caiu há dois meses em Carapicuíba, na Grande São Paulo. A manutenção da aeronave foi feita pela empresa Helipark.

    Segundo a Aeronáutica, os estudos apontam que o piloto Carlos Haroldo Isquerdo, 53, esteve durante todo o voo no comando do helicóptero. Havia a suspeita de que Thomaz Alckmin pudesse estar pilotando a aeronave. Os danos nas pás do rotor, na cauda e no motor foram em decorrência da queda e não o motivo do acidente, afirma o documento.

    Além de Thomaz e do piloto, outras três pessoas morreram no acidente: o mecânico Paulo Henrique Moraes, 42, funcionário da empresa Seripatri, e os mecânicos Erick Martinho, 36, e Leandro Souza, 34, funcionários da Helipark, empresa responsável pela manutenção do helicóptero

    O helicóptero modelo EC 155 B1 foi fabricado pela empresa Eurocopter France. Ele pertencia à Seripatri Participações, do empresário José Seriperi Júnior, controlador também da empresa Qualicorp, administradora de planos de saúde.

    Procurada, a Helipark afirmou em nota que vê com "estranheza" as afirmações do Cenipa, mesmo antes da conclusão das investigações. "A própria nota da FAB diz que os controles flexíveis e alavancas são 'fundamentais para controlar a aeronave em voo'. Portanto, como afirmar que o helicóptero decolou e voou mesmo com esses componentes desconectados?", questiona a empresa.

    "É impossível afirmar que o comandante esteve pilotando a aeronave em todas as fases do voo. (...) O que se sabe é que, de acordo com as regras de voo, Thomaz Alckmin não poderia estar dentro do helicóptero, principalmente sentado na posição do copiloto, com o duplo comando da aeronave instalado", aponta a nota.

    *

    Abaixo a íntegra da nota do Cenipa:

    Quanto à investigação do acidente com o helicóptero de matrícula PP-LLS, ocorrido no dia 2 de abril, em Carapicuíba-SP, conduzida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), este Centro de Comunicação Social (CECOMSAER) informa:

    1. Segundo exame dos destroços, os danos encontrados nos motores, transmissão principal e de cauda, pás do rotor principal e de cauda e demais componentes da aeronave foram consequências e não causas da queda.
    2. Controles flexíveis (ball type) e alavancas (bellcranck) - dois componentes fundamentais para o piloto controlar a aeronave em voo – estavam desconectados antes da decolagem.
    3. A Comissão de Investigação estuda a documentação da aeronave e dos serviços realizados pelas empresas de manutenção.
    4. O voo do dia 2 de abril foi o primeiro do PP-LLS após quase dois meses de intervenções previstas de manutenção.
    5. Até o momento, as evidências apontam que o comandante estava pilotando a aeronave em todas as fases do voo.
    6. Os investigadores analisam ainda os componentes eletrônicos da aeronave, com apoio dos representantes acreditados designados pelo BEA (Bureau d´Enquêtes et d´Analyses), órgão francês de investigação.
    7. Pelo fato de a investigação estar em andamento, ainda não é possível apontar conclusões acerca dos fatores contribuintes que desencadearam o acidente.
    8. É importante ressaltar que os acidentes aeronáuticos não ocorrem por uma causa isolada, mas por uma série de fatores contribuintes encadeados.
    9. Por fim, o objetivo principal da investigação é identificar os fatores contribuintes que gerarão recomendações de segurança, completando assim o ciclo da prevenção de acidentes.

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