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    'Nossa existência já é uma militância', afirma ativista transexual

    FERNANDO MOLA
    DE SÃO PAULO

    07/06/2015 02h00

    Daniela Andrade tem um currículo de dar inveja. Aos 35 anos, além de trabalhar como analista de sistemas, é professora de francês, literatura e redação.

    Mas mesmo com toda essa bagagem Daniela diz que precisa lutar muito para conseguir seu espaço. Isso porque ela é uma mulher transexual.

    O ativismo faz parte da vida de travestis e transexuais desde o nascimento, afirma. "Ainda que estejamos em silêncio, nossa existência já é por si só uma militância."

    A analista de sistemas acredita que "não há como as travestis e as pessoas transexuais esconderem aquilo que são" já que a identidade de gênero não pode ser ocultada, diferentemente da orientação sexual.

    Arquivo pessoal
    Daniela Andrade discursa em frente à bandeira do movimento transexual
    Daniela Andrade discursa em frente à bandeira do movimento transexual

    Daniela saiu cedo de casa por causa do preconceito, aos 18 anos, quando entrou na faculdade –mas nunca saiu de São Paulo. "Nasci aqui e cresci aqui", brinca ela com o tema da Parada deste ano: "Eu cresci assim, eu nasci assim. Vou ser sempre assim, respeitem-me".

    "Creio que há da parte dessas pessoas [criadores do tema] um desejo de se verem livres das agressões sofridas pelos fundamentalistas religiosos dizendo que a orientação sexual é algo imprescindivelmente inato", afirma.

    Ou seja, para ela, dizer que "nascemos assim" é uma forma de evitar qualquer forma de discriminação. No entanto, mesmo se fosse apenas uma questão de escolha em nada alteraria o direito dessas pessoas serem quem são ou se relacionarem com quem quiserem. "Sendo um relacionamento consensual, qual seria o grande impeditivo?", questiona.

    O DINHEIRO ROSA

    Para a ativista, há "uma lógica perversa e machista" na Parada LGBT, em que os direitos dos homens gays não transexuais vem em primeiro lugar. "Não são as pessoas trans que detém o pink money", explica ela, referindo-se ao maior poder de compra dos homens gays.

    Daniela afirma que apesar da sigla LGBT abranger uma série de identidades de gênero e orientações sexuais diferentes, a parada acaba sendo reconhecida como se fosse apenas dos homens gays."A parada deveria dar voz, espaço e vez a todas as letras."

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