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    Vias do centro de São Paulo começam a ser liberadas após a Parada Gay

    DE SÃO PAULO

    07/06/2015 18h16

    Após a passagem da Parada Gay, a avenida Paulista começou a ser liberada por volta das 16h deste domingo (7). O horário surpreendeu algumas pessoas que esperavam que o evento continuasse até a noite.

    Por volta das 19h30, a avenida Paulista já estava totalmente liberada e a rua da Consolação tinha o tráfego liberado nos dois sentidos da Paulista até a rua Caio Prado. O restante continuava fechado, assim como parte da avenida Ipiranga.

    No horário, a passeata continuava, fechando parte da rua da Consolação e da avenida Ipiranga, onde já acontecia desde o meio da tarde uma série de shows. Não há previsão de quando as demais vias serão liberadas. Expectativa inicial da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) apontava bloqueios até as 18h.

    Um dos coordenadores da equipe responsável pela estrutura montada na Paulista, que não quis se identificar, afirmou que a retirada das placas de separação começaram mais cedo neste ano, em comparação com as edições anteriores. Ele conta que trabalha há dez anos na Parada Gay e que a atual foi a mais vazia.

    A PM informou que, por enquanto, não divulgará estimativa de público no evento. O mesmo foi informado pelos organizadores, que aguardam a divulgação dos números da polícia. O único dado divulgado pela corporação foi de 1.500 pessoas, por volta das 9h, ainda na concentração.

    Por volta das 18h, o final da Parada estava na Consolação, altura da rua Sergipe, onde a polícia já fazia um cordão. A ambulante Vera Pereira, 52, veterana do evento, conta que nas edições anteriores esse lugar ficava cheio até as 20h.

    Alya, 30, cabeleireira de Osasco, está em sua oitava Parada, e diz que já estava sem muita expectativa para essa. Ela reclamou da falta de música na Consolação às 18h. "Terminando desse jeito acaba com o glamour", disse.

    Fernanda da Silva, 20, afirmou que essa foi sua primeira Parada, mas diz que não gostou. Para ela, faltou animação e o evento acabou cedo na av. Paulista.

    O tema deste ano é "Eu nasci assim. Eu cresci assim. Vou ser sentir assim. Respeitem-me!" e é uma reverência à autoestima e à aceitação. Alguns transsexuais, no entanto, se queixam de exclusão do movimento.

    COBRANÇAS

    A 19ª Parada do Orgulho LGBT teve parte dos ativistas cobrando o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre a atuação pública contra a homofobia e a favor dos direitos desse grupos.

    Durante os discursos e em entrevista coletiva de imprensa, que contava com autoridades do governo, da prefeitura e de movimentos ligados à causa gay, ativistas levantaram cartazes em protesto ao tratamento dado pela polícia à travesti Verônica Bolina, 25, espancada quando estava presa em abril deste ano no 2º DP (Bom Retiro), no centro de São Paulo. De acordo com os manifestantes, faltou ação e esclarecimentos por parte do governo paulista.

    O secretário da Segurança Pública do governo Alckmin, Alexandre de Moraes, disse haver um terceiro laudo de investigação em curso para tentar esclarecer esse caso.

    Ativistas também questionaram a redução de verbas da prefeitura para a realização da parada neste ano. Em meio a restrições financeiras, a gestão Haddad, que previa investir R$ 2 milhões no evento, reduziu a quantia para R$ 1,3 milhão.

    "Queremos o diálogo, e não o enfrentamento", disse Nelson Matias, da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que cobrou o prefeito diretamente sobre a diminuição dos recursos.

    "A Prefeitura de São Paulo, sem sombra de dúvida, é a que mais apoia o movimento no Brasil. A parada do Rio tem a mesma escala que a nossa, independente do número exato de participação, e foram rateados R$ 800 mil por parte do governo e prefeitura cariocas. Aqui, só a prefeitura cotou R$ 1,3 milhões", disse Haddad.

    Na última semana, Alessandro Melchior, coordenador de Políticas para LGBT da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, disse que os cortes estão em consonância com ajustes feitos pela prefeitura em outras áreas. O orçamento previsto para políticas LGBT em geral, em 2015, era de cerca de R$ 8 milhões, mas a Câmara dos Vereadores aprovou R$ 3,4 milhões –57,5% a menos.

    Nos trios, que em sua maioria, vinham faixas contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), discursaram, antes da parada entrar em movimento, a senadora Marta Suplicy, o secretário municipal de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, e o deputado Estadual Carlos Giannazi.

    "O tema desse ano [eu nasci assim, eu cresci assim...] é muito verdadeiro. Ninguém diz: 'quarta-feira vou virar homossexual'. No Congresso nós temos um momento difícil, que está muito conservador. Na discussão do código penal foi retirada a palavra homofobia. Nós não podemos ignorar isso. Esse crime precisa ser penalizado de outra forma", disse Marta (sem partido).

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