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    Mais rápida, Parada Gay de SP vira matinê

    EMILIO SANT'ANNA
    FELIPE GUTIERREZ
    FERNANDA PEREIRA NEVES
    LEANDRO MACHADO
    PAULA SAVIOLLI
    DE SÃO PAULO

    08/06/2015 08h24

    Após sofrer corte de verbas municipais e em ano de crise econômica, a 19ª Parada do Orgulho LGBT teve clima de matinê neste domingo (7) no centro de São Paulo: mais rápida e terminando mais cedo.

    Após a saída dos trios elétricos no começo da tarde, a av. Paulista foi esvaziada às 16h30 por PMs e liberada para os veículos mais de uma hora mais cedo do que em 2014.

    A parada teve atrizes americanas da série "Orange Is the New Black" como atração e cobranças a políticos por ações contra a homofobia.

    A marcha transcorreu tranquila até as 18h30, quando, na dispersão do público, a PM soltou duas bombas de efeito moral contra um grupo na rua da Consolação. Segundo a corporação, foram lançadas após garrafas de vidro serem arremessadas contra policiais. Houve registros na polícia também de roubos e furtos.

    Embora com 18 trios elétricos –quatro a mais que em 2014–, a sensação dos veteranos foi a de ritmo corrido. "Acaba com glamour terminar cedo desse jeito", afirmou Alya, 30, cabeleireira de Osasco (Grande SP), com oito paradas no currículo, em uma esvaziada rua da Consolação com a rua Sergipe, às 18h.

    O trecho ficava cheio de gente pelo menos até as 20h em anos anteriores, lembrava a ambulante Vera Pereira, 52. Pela primeira vez na parada, Fernanda da Silva, 20, achou que "faltou animação e terminou cedo" –houve shows até as 21h, mas sem multidão tradicional.

    Na República, por volta das 18h30, houve "animação" no meio da praça, próximo aos banheiros, onde dezenas de pessoas trocavam carícias. "Ali está acontecendo tudo e mais um pouco", disse à reportagem uma jovem, apontando para dois rapazes que faziam sexo oral. Ao lado deles, ao menos mais uma dezena "esquentavam" a noite.

    Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT, negou que a parada tenha sido acelerada. "O horário para liberar as vias era às 18h. Amanhã é segunda, as pessoas trabalham", afirmou.

    Neste ano, PM nem organização do evento divulgaram estimativa oficial de público. Quaresma se limitou a opinar que, se a PM estimou 2 milhões no Réveillon da Paulista, "seguramente tinha mais do que isso" na parada.

    Em 2013, a associação da parada estimou 5 milhões e a PM, 600 mil. No mesmo ano, cálculo do Datafolha indicou 220 mil. Desde então, organizadores deixaram de divulgar estimativas. Já a PM forneceu um dado em 2014: 100 mil.

    BEIJOS E FOTOS

    O momento de maior glamour foi a aparição das atrizes americanas da série da Netflix "Orange Is the New Black". Natasha Lyonne (que faz a Nicky), Samira Wiley (Poussey) e Uzo Aduba ("Crazy Eyes") acenaram, mandaram beijos e posaram para fotos sobre um trio elétrico. A trama aborda a vida de detentas –muitas delas lésbicas.

    Na abertura do evento, ativistas questionaram a redução de verbas da gestão Haddad (PT) para a parada –de R$ 2 milhões para R$ 1,3 milhão– e a agressão sofrida por uma travesti numa delegacia do centro, a cargo da gestão Alckmin (PSDB).

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