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    Parte de casa é demolida após separação de casal no Rio

    FELIPE DE OLIVEIRA
    DO RIO

    13/06/2015 02h00

    A separação de um casal provocou uma cena inusitada na zona oeste do Rio de Janeiro: um pedreiro saiu para trabalhar de manhã e, quando voltou, sua casa estava literalmente pela metade.

    O imóvel de Luiz Geraldo dos Santos, 52, fica no bairro de Vila Autódromo, área que está sendo desocupada pela Prefeitura do Rio para a construção do Parque Olímpico.

    A casa foi dividida após a ex-mulher vender a parte dela para a administração municipal. A demolição deixou quartos e até a cozinha divididos ao meio.

    A demolição não foi, porém, uma surpresa para o pedreiro. Santos sabia que a ex-mulher tinha vendido metade da casa e não teve como impedir a derrubada.

    Ricardo Borges/Folhapress
    Imóvel que foi demolido pela metade após separação dos donos, no Rio
    Imóvel que foi demolido pela metade após separação dos donos, no Rio

    Agora, ele espera receber uma compensação. Ao jornal britânico "Daily Mail", Santos afirmou que já acertou uma indenização com a prefeitura, porém ainda não tem data para receber o valor. A prefeitura pode ainda dar um apartamento a ele.

    Segundo a vizinha Adaísa dos Santos, 30, a família de Santos teve de se adaptar ao novo ambiente. Ele, a filha e o neto vivem em um cômodo que está intacto.

    "Eles usam o único banheiro que ficou do lado dele [do pedreiro]", afirmou ela.

    MEDO NA VIZINHANÇA

    Adaísa conta que outros moradores vivem situações parecidas. Ela, por exemplo, mora no segundo andar de uma casa com os dois filhos.

    "Fiquei desesperada com o que vi. Os moradores de baixo estão quase vendendo a parte deles. Como a prefeitura vai fazer? Não tenho para onde ir com meus dois filhos" afirmou a jovem, que veio da Bahia há cinco anos para trabalhar na cidade.

    Segundo ela, alguns moradores estão sendo pressionados para aceitar as ofertas da prefeitura. "Aí, acontece coisa estranha, como faltar luz e água por alguns dias sem a menor explicação."

    Há dez dias uma tentativa de desapropriação de dois imóveis na Vila Autódromo resultou em confronto entre moradores e guardas municipais, deixando sete pessoas feridas —três moradores e quatro guardas municipais.

    JOGOS OLÍMPICOS

    Principal polo dos jogos em 2016, o Parque Olímpico irá funcionar na Vila Autódromo, área onde vivem cerca de 600 moradores.

    O local está sendo alvo de disputa entre prefeitura e moradores após o governo municipal iniciar o processo de desocupação da área.

    No parque, serão disputadas as modalidades de tênis, hóquei, ciclismo, polo aquático, natação e ginástica.

    Procurada pela Folha, a Prefeitura do Rio afirmou que o caso está sob responsabilidade da Procuradoria do Município. O órgão não atendeu a reportagem.

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