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    Nova-iorquina faz sucesso e vira 'Chanel' das perucas em SP

    HELOÍSA NEGRÃO
    DE SÃO PAULO

    19/06/2015 02h00

    Em 1991, Yaffie Begun, 46, chegava ao Brasil com seu marido, o rabino Mendel, 51, e seus dois filhos mais velhos. Em sua cabeça, carregava o acessório que iria mudar o futuro da família. Hoje são seis filhos, dois netos e um negócio bem-sucedido.

    A nova-iorquina é considera a "Chanel" das perucas e está na agenda dos oncologistas mais renomados de São Paulo. Eles a indicam para suas pacientes que perdem os cabelos durante o tratamento contra o câncer.

    Sua lista de clientes guarda nomes como Dilma Rousseff, Glória Perez e Naomi Campbell. As primeiras usaram perucas durante a quimioterapia; a modelo inglesa sofre de alopecia (queda de cabelo).

    As perucas de Yaffie são personalizadas e feitas com cabelos de índios da América Latina. "Eles são tão pobres e moram tão longe que não fazem tintura ou relaxamento e não têm acesso a Burger King ["junk food" prejudica o cabelo, diz]. Por isso, os fios são excelentes."

    Ela viaja a cada três semanas para capitais sul-americanas para comprar cabelo. De volta ao Brasil, ela separa os fios por cor e textura e manda para a China, onde as perucas são costuradas.

    Danilo Verpa/Folhapress
    Yaffie Begun, 46, com as perucas que mantém na sua casa em São Paulo; família possui também uma loja virtual
    Yaffie Begun, 46, com as perucas que mantém na sua casa em SP; família ainda possui loja virtual

    Judia ortodoxa, Yaffie não usa cabelos indianos, comuns no mercado. "As mulheres doam os seus cabelos para um templo, e alguém revende sem que elas saibam. Achamos isso uma falta de respeito com a religião", diz.

    Entre os judeus ortodoxos, a preocupação é tanta que há um selo para comprovar a origem dos fios.

    No comércio popular de São Paulo, os apliques com esses selos, escritos em hebraico, ganharam o nome de "perucas kosher". "Já cansei de explicar que não tem nada a ver, que kosher é comida, mas... Não adianta", explica o rabino Mendel.

    Ele toca, desde 2014, a segunda linha da Crown Wigs. A ideia é vender, pela internet, perucas mais baratas do que as feitas por Yaffie. O que muda são os fios, que, em vez de indígenas, são asiáticos.

    "A Yaffie criou sete modelos, e passamos a fazer em escala, por um preço mais baixo." O valor no site varia entre R$ 2.400 e R$ 3.600. Eles não divulgam o valor das peças feitas por Yaffie.

    SUCESSO NA COLÔNIA

    O negócio da família (uma das filhas cuida das vendas em NY) começou por acaso. "Eu era professora, e Mendel, diretor de escola. Quando eu vim para o Brasil, todas as mulheres da colônia [judaica] perguntavam onde eu tinha comprado minhas perucas." Entre os ortodoxos, as mulheres devem cobrir os fios naturais depois que se casam.

    Yaffie conta que sempre gostou de lidar com cabelos. "Com 17 anos, trabalhei com uma mulher que fazia perucas nos EUA." No Brasil, ela lavava e escovava as perucas das amigas. Para começar a vender, foi um pulo.

    Hoje possui mais de 200 perucas que podem ser moldadas de acordo com o gosto da cliente. Fora as que são vendidas no site.

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